Troncon LEA. Utilização de pacientes simulados no ensino e na avaliação de habilidades clínicas. Medicina (Ribeirão Preto) 2007;40 (2): 180-91.Resumo: A utilização de pessoas normais desempenhando o papel de pacientes vem sendo feita há várias décadas no ensino e na avaliação de habilidades clínicas, como um meio de contornar os inconvenientes da utilização dos pacientes reais. No âmbito do ensino, o paciente simulado constitui um recurso complementar que pode anteceder a prática mais intensiva com os pacientes reais, permitindo que as atividades educacionais sejam desenvolvidas repetidamente com mais segurança e menor desgaste para os estudantes e os pacientes. Favorece, ainda, o aprendizado mais ativo, confere maior homogeneidade nas oportunidades de treinamento, permite repetições e facilita as correções dos defeitos na execução das tarefas com o paciente. No âmbito das avaliações, os pacientes simulados (padronizados) permitem a inserção nos exames das situações desejadas, no nível de complexidade apropriado, e que um grande número de examinandos seja avaliado nas mesmas condições, o que favorece o preenchimento dos requisitos de validade e de fidedignidade. Neste artigo, são apresentados conceitos educacionais pertinentes ao aprendizado das habilidades clínicas, um histórico sucinto do desenvolvimento das simulações empregando pessoas normais e as principais vantagens e desvantagens da utilização de pacientes reais e de pacientes simulados no ensino e na avaliação das habilidades clínicas. Alguns aspectos práticos do recrutamento, da seleção e do treinamento de pacientes simulados, baseados na experiência adquirida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, são também apresentados.
1-INTRODUÇÃONas últimas décadas, o ensino superior nas profissões da área da Saúde vem sofrendo inúmeras modificações conceituais e metodológicas visando o seu aperfeiçoamento. Uma destas modificações consiste na utilização crescente de pacientes simulados no ensino e na avaliação das habilidades clínicas. Idealizadas e desenvolvidas em centros da América do Norte, as técnicas de simulação tem se difundido por todo o mundo e vem sendo introduzidas e gradualmente empregadas com maior intensidade também no Brasil. Neste artigo, pretende-se apresentar as principais bases conceituais e discutir aspectos variados da utilização de pacientes simulados no ensino e na avaliação de habilidades clínicas, com o objetivo de divulgar estes conhecimentos para profissionais envolvidos no ensino médico e na educação superior na área da Saúde.