1 Em 2014, de acordo com dados da OCDE, Portugal constituía o quarto país membro com maior número de médicos, apresentando 4,3 médi-cos por cada 1000 habitantes.3 A demografia médica em Portugal caracteriza-se pela existência de assimetrias na distribuição de médicos pelas diferentes especialidades e entre as regiões rurais e urbanas.4 Um estudo realizado em 2013 sobre este tema concluiu existir uma tendência de aumento do pessoal médico ao longo das últimas três décadas, traduzindo-se este aumento num desajustamento entre a produção de médicos especialistas e as respetivas necessidades nacionais, perspetivando-se deste modo um número excedentário de especialistas não absorvidos pelo sistema. Este desajustamento não é, contudo, homogéneo, sendo superior em algumas especialidades médicas.5 A legislação que regulamenta o Internato Médico em Portugal foi revista em 2015. 6,7 Conciliar trabalho e aprendizagem em ambiente clíni-co constitui uma tarefa exigente para os médicos internos.
8A existência de uma cultura institucional de aprendizagem clínica é fundamental na formação de médicos competentes.9 Doentes acompanhados por médicos insatisfeitos e desmotivados apresentam maior grau de insatisfação com os cuidados médicos recebidos e piores indicadores de saúde. 10,11 De salientar ainda que médicos insatisfeitos apresentam maior taxa de absentismo laboral e risco de burnout.12 Neste contexto, e tendo em consideração o expectável aumento da competitividade entre os médicos internos, é importante que seja avaliado o panorama geral do Internato Médico em Portugal. Atualmente, em Portugal, o Internato Médico é organizado num primeiro ano de formação geral, denominado 'Ano Comum', seguido de um período de formação com duração entre quatro e seis anos, denominado 'Internato de Formação Específica', de acordo com a especialidade escolhida pelo médico interno.A nível internacional, a realização de inquéritos de satisfação aos médicos internos é prática corrente. [13][14][15][16][17][18][19] Roff et al desenvolveram um questionário intitulado "The Postgraduate Hospital Education Environment Measure (PHEEM)", no Reino Unido, com esta finalidade. Desde 2004 este questionário foi traduzido e aplicado em instituições de diversos países.8,20-31 Em Portugal, não está implementada a realização regular de inquéritos de satisfação aos médicos internos. Encontra-se publicado na literatura um reduzido número de inquéritos realizados no nosso país, destacando-se a escassa informação disponível sobre os fatores que caracterizam a satisfação dos Médicos Internos.O presente estudo teve como objetivo principal avaliar de forma metódica a satisfação dos médicos internos com a realização do Internato Médico em Portugal. Pretendemos como objetivos secundários caracterizar a satisfação dos médicos internos com a realização do Internato Médico em diferentes especialidades, em diferentes regiões e em diferentes tipologias hospitalares de instituição de formação, bem como identificar aspetos passíveis de melhoria.
MATERIAL E MÉTODOS InquéritoF...