“…A revisitação do tema, além de fundamentar a pertinência da pesquisa, pode ajudar à criação de novas e diferentes motivações para a abordagem de um dos momentos-chave da evolução e institucionalização da profissão de contabilista em Portugal, por norma o primeiro a ser cronologicamente listado pela maioria dos autores (cf. Rodrigues e Gomes, 2002, p. 132;Matos, 2016, p. 25) que ao tópico dedicam as suas pesquisas; ─ depois, em quarto lugar, porque o paper consolida, em linha com os traços nele apresentados, uma ideia que é sabida, a de que "todas as profissões se baseiam em conhecimento específico que é construído nas instituições de ensino […] e difundido aos alunos (futuros profissionais) através do ensino" (Rodrigues, 2016a, p. 5); ─ e, por último, mas não menos importante, porque a contribuição permite dar continuidade a uma linha de investigação internacional muito profícua nos últimos cinco anos (Rodrigues, Schmidt, Santos e Fonseca, 2011;Rodrigues, Schmidt e Santos, 2012;Araújo, 2013;Rodrigues e Sangster, 2013;Araújo et al, 2016) acerca do processo de institucionalização das partidas dobradas no Brasil e do desenvolvimento da contabilidade nessa antiga colónia portuguesa, nomeadamente porque este artigo deu a conhecer, pela primeira vez na literatura, que o tesoureiro-mor do Erário Régio, organização estabelecida no Brasil em 1808, foi aluno da Aula do Comércio de Lisboa: Francisco Bento Targini (1756-1827) era o seu nome e ele foi aulista do 4.º curso (1771-1774) (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Junta do Comércio, Livro 328, fólio 6v). O lugar de tesoureiro-mor do Erário Régio, correspondia, depois do presidente da instituição, à mais alta função em exercício na organização que, depois da fuga da família real para o Brasil em 1807 como resposta à ocupação francesa em Portugal, o Príncipe D. João decidiu criar no Rio de Janeiro, à semelhança da existente em Lisboa desde 1761.…”