Resumo: Este artigo apresenta a terapia comportamental construtiva conforme elaborada por Beata Bakker-de Pree. A abordagem, desenvolvida nos Países Baixos, traz uma filosofia do processo terapêutico que é compatível com a de várias terapias comportamentais conhecidas. Acrescenta uma perspectiva valiosa em sua descrição explíci-ta de alguns ingredientes importantes do trabalho clínico, que não estão em destaque nos outros modelos comportamentais, sendo estas a técnica de diferenciação livre e a análise funcional do comportamento saudável do cliente.
Palavras-chave: Terapia comportamental. Behaviorismo. Modelo clínico.A terapia comportamental: um histórico A primeira onda de terapias comportamentais ambulatoriais emergiu nos anos 1950 como movimento mundial. Foi fortemente identificada como uma tentativa de substituir a psicoterapia, que era considerada ineficaz e anti-científica (Eysenck, 1952(Eysenck, , 1959. Tinha um embasamento predominantemente pavloviano, mas não aderiu a um modelo único de aprendizagem humana (Wolpe, 1976). Eysenck (1959) descreveu a terapia comportamental em termos da eliminação de respostas inadequadas e do condicionamento de respostas adequadas -porém, apenas o primeiro aspecto é que ia dominar a tecnologia clínica. Os métodos clás-sicos se baseavam, na sua grande maioria, nos princípios de extinção pavloviana. Assim, a terapia comportamental se desenvolveu como um tratamento para eliminar respostas emocionais inadequadas.
90A busca de uma tecnologia para aquisição de novos comportamentos despertou em alguns o interesse pelos métodos da análise aplicada do comportamento, que poderia preencher essa lacuna. De fato, contribuições a partir do modelo de aprendizagem operante para a terapia comportamental não foram escassas, mas sua aceitação no seio do movimento não foi geral, nem durável. Reforçar sorrisos ou afirmações otimistas de um cliente depressivo (Coons, 1972;Krasner, 1962) ou montar um sistema de economia de fichas para ser aplicado em casa como tratamento de uma crise de casal (Stewart, 1969) pareceu indicar, aos olhos dos clínicos pavlovianos, uma visão muito superficial. Os terapeutas comportamentais da primeira onda estavam mais interessados nas respostas emocionais subjacentes ao comportamento depressivo e aos problemas de relacionamento. Concluíram que o paradigma operante tinha uma validade questionável para o tratamento dos problemas que eles enfrentaram no consultório.Essa rejeição da tecnologia operante pela terapia comportamental clássica é atribuída por Kohlenberg, Bolling, Kanter e Parker (2002) ao uso de procedimentos artificiais. Os analistas do comportamento usaram no consultório reforçamento planejado para ensinar comportamentos que haviam escolhido como sendo adequados, em detrimento do relacionamento genuíno entre terapeuta e cliente. Isto pode ter contribuído para a separação que ocorreu entre a análise aplicada do comportamento, de um lado, e a terapia comportamental tradicional, do outro. Afastada do setting de gabinete, a primeira continuou florescendo em ...