O estudo do desgaste dentário em populações arqueológicas é importante para perceber como se vivia no passado já que uma vez erupcionados os dentes não sofrem remodelação. A localização, severidade e tipos de desgaste podem revelar hábitos culturais e dietéticos. O objetivo deste estudo é analisar o padrão de desgaste dentário, por sexo e classe etária, nos indivíduos de uma amostra medieval de São João de Almedina (Coimbra, Portugal) de modo a melhor conhecer os seus hábitos. A amostra em estudo é composta por 58 adultos (28 homens, 20 mulheres e 10 indivíduos do sexo desconhecido). Os níveis de desgaste oclusal e aproximal foram registados com os métodos de Smith (1984) e Hillson (2001), respetivamente. Registou-se um desgaste oclusal médio de 3,86±1,59, caraterizado por grande exposição da dentina. Os níveis de desgaste interproximais são baixos (1,38±0,72 e 1,36±0,75). Os resultados foram comparados com outras populações, nomeadamente com os dados de Wasterlain (2006), recolhidos com a mesma metodologia, numa amostra da mesma região geográfica, mas dos finais do século XIX/inícios do século XX. Notou-se uma clara atenuação do desgaste na época pós-industrial o que pode ser resultado de um menos eficiente processamento da comida em época medieval.