O tétano é uma doença infecciosa aguda, que no Brasil possui uma incidência similar entre os sexos, embora seja mais frequentemente associada ao sexo masculino, devido a maior exposição a traumatismos. Essa doença ocorre pela ação de neurotoxinas produzidas pelo Clostridium tetani, que possuem tropismo pelas células do Sistema Nervoso Central e atuam bloqueando a neurotransmissão e a excitabilidade deste sistema. Este estudo visa relatar um caso do Departamento de Emergência de um hospital de Recife/PE. Trata-se de um paciente de 66 anos, negro, casado, morador da zona rural, agricultor, que dá entrada no serviço com queixa de dor lombar há 1 dia, refratária a analgésicos simples, anti-inflamatórios e opioides. Durante a avaliação médica, inicia quadro de sialorreia, sudorese intensa e movimentos espásticos generalizados. Em seguida, evolui com insuficiência respiratória e parada cardiorrespiratória. Retorna à circulação espontânea após 2 ciclos e é medicado com Diazepam IV, devido à persistência dos movimentos espásticos e padrão respiratório em gasping. Segue-se com intubação orotraqueal e conexão ao ventilador mecânico. Após saída do quadro agudo, familiares relataram história de lesão perfurante em joelho há 10 dias do aparecimento dos sintomas. É fechado o diagnóstico de tétano acidental grave e como conduta, faz-se administração de soro antitetânico (SAT) ou gamaglobulina (IGAT) e vacina dT. Faz-se metronidazol, diazepam IV, bloqueador neuromuscular contínuo e fentanil em bomba. Mantém-se a ventilação mecânica com uma PEEP de 10 e procede-se com transferência para UTI. Por se tratar de uma doença com diagnóstico clínico, mas que possui diversos diagnósticos diferenciais, a identificação precoce na emergência é uma medida fundamental para esta doença, assim como a instituição do tratamento adequado o mais breve possível.