Tendência da prática de automedicação entre idosos brasileiros entre 2006 e 2010: Estudo SABE

Abstract

RESUMO: Introdução: Automedicação retrata o princípio do próprio indivíduo buscar espontaneamente por algum medicamento que considere adequado para resolver um problema de saúde. Essa prática é ainda pouco explorada entre idosos de acordo com outros estudos baseados em dados populacionais. Objetivo: Examinar as tendências da prática de automedicação dos idosos do Estudo SABE entre 2006 e 2010. Método: Estudode base populacional cujos dados foram obtidos do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Aamostra de 2006 foi constituída de 1.258 idosos e a de 2010, de 865 idosos que utilizaram medicamentos. Resultados: Observou-se redução da automedicação de 42,3% em 2006 para 18,2% em 2010. Em ambos os períodos, as classes terapêuticas predominantes foram as dos medicamentos com ação no sistema nervoso (27,9% em 2006 e 29,6% em 2010) e trato alimentar e metabolismo (25,5% em 2006 e 35,9% em 2010). Entreos medicamentos mais usados nos anos de 2006 e 2010 estão os analgésicos/anti-inflamatórios e vitaminas. Houve tendência a declínio da utilização de medicamentos potencialmente inapropriados entre 2006 (26,4%) e 2010 (18,1%). Oidoso foi o principal responsável pela indicação da automedicação em 2006 (65,2%) e 2010 (66,5%). Conclusão: A extensão da prática de automedicação nos idosos do SABE apresentou redução entre 2006 e 2010, porém o emprego de medicamentos que oferecem risco à saúde ainda foi relatado. Desse modo, os achados reforçam a importância de monitorar, avaliar e educar continuamente os idosos acerca dos riscos e benefícios do consumo de medicamentos, sobretudo daqueles isentos de prescrição.

<b> Fatores relacionados à adesão ao tratamento farmacológico por idosos na Atenção Primária à Saúde/ Factors related to adhesion to pharmacological treatment by seniors in Primary Health Care

“…De forma multidimensional os idosos são vulneráveis em relação à condição de saúde, o que resulta em diversos desfechos nos prejuízos funcionais e estressores ambientais, que podem acarretar em limitações no desempenho de atividades da vida diária. Foi observado como fragilidade quanto adesão à terapia farmacológica a diminuição da acuidade visual e auditiva, que contribuem para a ocorrência de falhas na resposta terapêutica, assim como para o surgimento de efeitos indesejados (4) . Os déficits visuais podem causar dificuldade para ler as informações ou os rótulos dos medicamentos, e os déficits auditivos e cognitivos podem ser um obstáculo na compreensão de orientações verbais.…”

“…A quantidade total de medicamentos em uso por um indivíduo é o que caracteriza a polifarmácia e esta quantidade não é definida com exatidão na literatura, com variação de dois até seis medicamentos. No Estado do Paraná, é adotado o número de cinco medicamentos para definir polifarmácia (4) . A polifarmácia tem impacto direto com internamentos hospitalares e reações adversas a medicamentos, assim como o uso de medicamentos não apropriados podem levar a uma cascata iatrogênica, prejudicando a adesão do tratamento e risco de quedas, alteração do equilíbrio, causando lesões leves ou até levar a morte, trazendo impactos negativos na qualidade de vida do idoso (19,20) .…”

“…Este cenário caracteriza a necessidade de ações de educação para promoção da saúde e prevenção de complicações, e com o aumento na busca de tratamentos específicoś para população idosa, tornou-se comum a prática da polifarmácia. Estudo de base populacional apontou redução da automedicação de 42,3% em 2006 para 18,2% em 2010, no entanto, cabe salientar que muitos medicamentos são considerados inapropriados para uso em idosos, já que podem ser acompanhados por reações adversas e internações hospitalares (4) . Estudo transversal e retrospectivo cujo objetivo foi realizar busca ativa de suspeitas de reações adversas em idosos que procuraram o pronto socorro apontou que os principais medicamentos foram aqueles utilizados para o trato alimentar e sistema cardiovascular (5) .…”

Estudo da prevalência de competições terapêuticas entre idosos com multimorbidades do estudo SABE (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento)

“…No presente estudo, Reflexões, critérios e protocolos, considerando os aspectos característicos desta população como presença de multimorbidades, adesão a polifarmácia, reações adversas, farmacocinética, farmacodinâmica, alimentação e fatores ambientais, tem sido elaborados para guiar os profissionais de saúde no uso seguro de medicamentos nesta população [87][88][89]. Porém, ainda assim, diversos problemas de saúde associados ao uso de medicamentos tem Estudo SABE, também utilizaram esta definição 56,76,80,83,90,[100][101][102][103]. Assim, definimos polifarmácia como o uso de 5 ou mais medicamentos no presente estudo.…”

“…Portanto, cabe ao profissional de saúde avaliar de forma cautelosa a farmacoterapia em idosos com multimorbidade e levar em consideração as possibilidades de terapia não farmacológica, troca de medicamento, considerando o preço, disponibilidade no sistema de saúde, posologia e adesão ao tratamento.Outro ponto forte deste estudo é o método rigoroso para identificação das CT. Só foram consideradas CTs aquelas baseadas em GPCs de alta qualidade, ou seja, baseada nos melhores documentos, desenvolvidos por equipe multidisciplinar, que sintetizam a evidência científica em recomendações para os profissionais de saúde.Ainda, no presente estudo foi considerado todos os medicamentos em uso pelos idosos, incluindo os medicamentos isentos de prescrição. Trabalho anterior sobre CT em idosos da comunidade incluiu somente medicamentos prescritos.15 No Brasil, sabe-se que uma parcela importante da população idosa se automedica, e que automedicação está associada ao aumento da mortalidade 80. Assim é essencial que todos os medicamentos em uso pelos idosos sejam levados em consideração e analisados.…”