Este artigo é resultado de estudos amparados na psicanálise referentes ao tema mulher-mãe e o mito do amor materno. O objetivo deste estudo é demonstrar que, na atualidade, esse mito não se sustenta e a psicanálise contribui com esse deslocamento ao considerar que falamos de uma mulher que exerce uma função materna simbólica. Para isso, foi utilizado como método uma pesquisa teórica em que partimos da noção de mito do amor materno como uma ficção que sempre esteve atrelada ao amor incondicional representativo do signo de ser mãe. Do mesmo modo, recorremos à psicanálise a partir dos estudos freudianos sobre a mulher e seus efeitos na maternidade. Como resultado, percorremos os contextos históricos nos quais, esse mito, marcado como instintual em toda mulher, traz o peso de um universal de felicidade imposto pela cultura em detrimento de um singular de cada mulher sobre a maternidade. Entendemos que mulher e mãe participam de duas faces de uma mesma moeda, em que a prerrogativa de ser uma mulher não determina o destino de esta ser mãe. Concluiu-se que o mito do amor materno, em sua posição universalizante, necessita fazer um deslocamento ao singular da fantasia materna, para que cada mulher possa dizer sobre sua maternidade.