A identidade trans está relacionada ao reconhecimento da identidade de gênero oposta ao sexo biológico. Essa característica faz com que essa população sofra diversos preconceitos e se torne vulnerável. Em nível programático, esse processo, quando ocorre nas unidades de saúde, faz com que as necessidades em saúde das travestis não sejam reconhecidas pelos profissionais da Atenção Primária. O presente trabalho tem como objeto de estudo as necessidades em saúde das travestis e objetivou discutir o atendimento das suas necessidades nos serviços de saúde da Atenção Primária. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva. A coleta de dados ocorreu nos meses de abril e maio de 2013, quando foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco travestis. A análise da entrevista foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo. Diante das falas das participantes emergiram três categorias temáticas: o conceito de saúde para travestis, a construção do corpo das travestis e o atendimento das travestis nas Unidades Básicas de Saúde. Foram identificadas como necessidades em saúde específicas: o acolhimento no serviço de saúde com a utilização do nome social da travesti, de modo a evitar a discriminação e constrangimentos na sala de espera; atendimento especializado por profissionais de saúde capacitados; proteção contra a violência desencadeada, principalmente em função da discriminação; orientações quanto à utilização de hormônios femininos; oferta de testes rápidos em toda Atenção Básica para diagnóstico de HIV, Hepatite B/C e Sífilis.
Palavras-chave: Travestismo. Identidade de gênero. Necessidades e demandas de serviço de saúde. Atenção primária à saúde.