Atendimento Das Necessidades Em Saúde Das Travestis Na Atenção Primária

Abstract


 A identidade trans está relacionada ao reconhecimento da identidade de gênero oposta ao sexo biológico. Essa característica faz com que essa população sofra diversos preconceitos e se torne vulnerável. Em nível programático, esse processo, quando ocorre nas unidades de saúde, faz com que as necessidades em saúde das travestis não sejam reconhecidas pelos profissionais da Atenção Primária. O presente trabalho tem como objeto de estudo as necessidades em saúde das travestis e objetivou discutir o atendimento das suas necessidades nos serviços de saúde da Atenção Primária. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva. A coleta de dados ocorreu nos meses de abril e maio de 2013, quando foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco travestis. A análise da entrevista foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo. Diante das falas das participantes emergiram três categorias temáticas: o conceito de saúde para travestis, a construção do corpo das travestis e o atendimento das travestis nas Unidades Básicas de Saúde. Foram identificadas como necessidades em saúde específicas: o acolhimento no serviço de saúde com a utilização do nome social da travesti, de modo a evitar a discriminação e constrangimentos na sala de espera; atendimento especializado por profissionais de saúde capacitados; proteção contra a violência desencadeada, principalmente em função da discriminação; orientações quanto à utilização de hormônios femininos; oferta de testes rápidos em toda Atenção Básica para diagnóstico de HIV, Hepatite B/C e Sífilis.
 Palavras-chave: Travestismo. Identidade de gênero. Necessidades e demandas de serviço de saúde. Atenção primária à saúde.

Acesso aos cuidados em saúde de travestis e mulheres transexuais no Brasil

“…O uso de hormônios sem prescrição médica e silicone industrial mostram um acesso limitado aos serviços formais de saúde. (Monteiro & Brigeiro, 2019, Amorim & Teixeira, 2017, Popadiuk et al, 2017.…”

“…O acesso ao processo transexualizador pelo SUS é restrito Research, Society and Development, v. 11, n.14, e293111436161, 2022 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i14.36161 porque não é feito na APS e a espera por procedimentos cirúrgicos demora anos. (Monteiro & Brigeiro, 2019, Amorim & Teixeira, 2017, Popadiuk et al, 2017.…”

Revisão sistemática sobre a atenção à saúde para travestis e transexuais no Brasil

“…With regard to health care for transvestites and transsexuals in Brazil, the articles reveal, almost unanimously, the existing difficulties for implementing the basic principles of the SUS. In view of the diagnosis of these difficulties, which will be addressed in the following categories, possibilities are pointed out to transform this health care model, such as: development of intersectoral strategies to combat discrimination against transvestites and transsexuals, including in health services 23,33 ; constant dialogue between SUS management and the social segments that represent transvestites and transgender people, with a view to understanding and respecting the health specificities of this part of the population [24][25][26]30,33 ; implementation of the National LGBT Comprehensive Health Policy, guaranteeing access for transvestites and transsexuals to the different establishments of the SUS [25][26][27] ; strategies to disseminate the meaning of being a transvestite or transsexual to the community in general, aiming to assert subjectivities and respect these people's needs 24,31 ; review of work practices in health, involving the rescue of the promotion of care, altruism by health professionals, development of autonomy for transvestites and transsexuals and inclusion of transsexual workers in health teams 24,25,31 ; and changes in professional training in health, encouraging the integration of teaching-service-community, the inclusion of content on gender and sexuality in the curricula of courses in the health area and the development of permanent education actions regarding humanized care for transvestites and transsexuals to SUS workers 21,[24][25][26][27]30 .…”

“…Due to professional unpreparedness, and the discriminatory acts experienced within SUS establishments already pointed out in the results of this article, transvestites and transsexuals avoid seeking care in these institutional spaces 22,29,[32][33][34] . Faced with these violations, a minority of transvestites and transsexuals opt for private assistance, but most cannot afford a health plan, becoming dependent on alternative self-care practices, on the support of people in the social network or religious spaces of African origin, or body transformations without proper professional follow-up 26,29,32 .…”

Geni e os direitos humanos: um retrato da violência contra pessoas trans no Brasil do século XXI

“…Quanto aos serviços públicos de saúde, as pesquisas encontradas enfatizam as seguintes necessidades: uso do nome social, não discriminação no atendimento, capacitação de profissionais para atendimento às pessoas trans -inclusive quanto ao uso de hormônios -e disponibilidade de testes para diagnóstico de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) (Amorim & Teixeira, 2017;Muller & Knauth, 2008). Também ficou claro que o atendimento a pessoas trans em situação de rua, especialmente quando portadoras de HIV/AIDS, fica inviabilizado porque as pacientes não dispõem de condições adequadas para armazenar os medicamentos (Garcia, 2013).…”