Tecnologias que afetam: os usos cotidianos dos artefatos eletr�nicos em uma perspectiva etnogr�fica

Abstract

Este artigo analisa o resultado de atividades etnogr�ficas em uma vila de Porto Alegre realizadas desde 2006. Optamos por descrever a trajet�ria da fam�lia Silva e a forma como os artefatos tecnol�gicos (especificamente computadores, tablets e celulares) afetam suas vidas e tamb�m a nossa enquanto pesquisadores. Pretendemos discutir a �inclus�o digital�, tema que no in�cio do s�culo era uma esp�cie de �chave� para o desenvolvimento de comunidades de baixo poder aquisitivo. Apostava-se na ideia de que uma amplia��o massiva do n�mero de equipamentos e usu�rios era uma forma de promover tamb�m inclus�o social. Ap�s uma d�cada, o resultado � que o pouco de desenvolvimento tecnol�gico que se v� no lugar � fruto de intera��es que acontecem � margem das a��es e pol�ticasgovernamentais, muitas vezes tensionando as fronteiras entre o legal e ilegal. A utiliza��o desses artefatos se fez atrav�s de processos individuais, entre vizinhos articulados em circuitos de trocas, e atrav�s de redes que captam doa��es (equipamentos descartados) e que fomentam o desenvolvimento dessas formas de fazer local. Essas pr�ticas produzem os fu�adores, que s�o os �t�cnicos� locais. Al�m disso, com os circuitos de trocas e as redes sociais (via gatonet), percebemos que essas tecnologias fizeram com que vizinhos que praticamente n�o se relacionavam fizessem contato. As redes sociais no contexto local aproximaram pessoas que estavam fisicamente pr�ximas, mas que simplesmente n�o se falavam. Por outro lado, com a aus�ncia de pol�ticas p�blicas, apesar dos conhecimentos em tecnologia, a nova gera��o tem muita dificuldade em conseguir emprego fora da vila, pois, ainda que inclu�dos digitalmente, permanecem exclu�dos socialmente.