Tecnologia E O Equilíbrio Da Sensualidade No Amor E No Sexo

Abstract

Este artigo resume as descobertas de Cas Wouters, constantes do livro Sex and Manners (2004), sem tradução para o português. A obra analisa as mudanças nas maneiras e códigos de condutas pesquisadas em livros de etiquetas americanos, holandeses, ingleses e alemães; do final século XIX ao final do século XX; descrevendo mudanças no relacionamento entre homens e mulheres, principalmente nas formas de cortejo, no contexto da crescente emancipação feminina do século XX. As mudanças nos livros de etiquetas revelam o desaparecimento de velhas regras e o aparecimento de novas, documentando como as mulheres passaram da esfera privada para a vida pública, e como estas mudanças implicaram em um aumento de consciência erótica e sexual, envolvendo dois tipos de desejos: o anseio por gratificação sexual e o anseio por intimidade duradoura. A busca de equilíbrio entre estes desejos, conceitualizada como o "equilíbrio da sensualidade", passou por extremos que foram desde o amor desexualizado até contato sexual despersonalizado, em um processo de experimentação e erro que permeou o século XX. Estas mudanças dificilmente poderiam ser concebidas sem as inovações e implementações tecnológicas: a pílula, as mudanças nos meios de transporte, as tecnologias de comunicação (do telefone à Internet)-exerceram pressões forçando novas regras de comportamento e sentimento, forçando um afrouxamento, durante o século XX, das formas estritas de controle social e autocontrole desenvolvidos no século XIX. Neste processo social, as pressões para o desenvolvimento de um tipo de personalidade de "terceira-natureza", com capacidade de descontrolar controladamente os controles emocionais, se iniciaram. Palavras-chave: tecnologia, amor e sexo, avanços tecnológicos e costumes. 1. Introdução Processos técnicos e inovações caracterizam um grau elevado de controle humano sobre processos extra-humanos e processos "da vida"; alguns exercendo enorme influência em processos 1 No original "lust-balance"-traduções mais literais para a palavra lust incluem os termos lascívia; concupiscência e luxúria (segundo a doutrina cristã, um dos sete pecados capitais). Devido a seu uso moralizante, principalmente pelo cristianismo, estas palavras carregam uma conotação de impureza, de impudicícia, de comportamento anormal e exagerado ou desejo indevido. Etimologicamente, a palavra deriva da língua germânica, e quer dizer simplesmente "desejo". Neste caso, o autor usa o termo sem sua bagagem moralizante, ou seja, no sentido de desejo sensual ou carnal que pode ou não co-existir com o amor: em um extremo, o sexo sem amor, somente pela satisfação carnal, em outro extremo, o amor desprovido de desejo sexual. O autor dá o nome de lust-balance às possibilidades entre um extremo e outro, ou ainda de combinação entre os dois extremos-o "amor sexualizado" ou o "sexo erotizado" (no sentido de sexo com desejo amoroso).