Buscou-se examinar, no presente artigo, as mudanças ocorridas nos índices de acesso ao atendimento técnico pelos estabelecimentos agropecuários no País e em seus entes federativos entre 2006 e 2017. Para consecução desse objetivo, realizou-se o exame de um conjunto de dados estatísticos dos censos agropecuários 2006 e 2017 com informações relativas ao recebimento do serviço de orientação técnica considerando as variáveis de classe, sexo e raça. A partir da análise dos dados, constatou-se que o acesso a esse serviço no País é marcado por uma natureza classista, sexista, racista e regionalista, ou seja: homens brancos e de classe social alta e média do Centro-Sul do País possuem maiores oportunidades e recursos para adquirirem novos conhecimentos e inovações científico-tecnológicas do que homens negros e, sobretudo, mulheres negras e de classes historicamente subalternizadas, situadas em regiões menos dinâmicas socioeconomicamente, como o Norte e o Nordeste, o que constitui um fator que concorre para perpetuar o quadro de desigualdade social, racial, regional e de gênero no campo brasileiro.