ResumoObjetivO. Testar variáveis clínicas relacionadas à evolução para insuficiência renal crônica avaliadas rotineiramente em hipertensos e que possam ser utilizadas como instrumento preditivo, possibilitando seu acesso em qualquer nível de assistência. MétOdOs. Foram avaliados 358 pacientes do Centro de Hipertensão Arterial da Faculdade de Medicina de Botucatu -UNESP. Destes, 210 apresentavam uma segunda avaliação da filtração glomerular e foram utilizados na análise. Aplicou-se regressão logística para identificar características clínicas que se associassem de maneira independente com o desfecho filtração glomerular final igual ou inferior a 60 ml/min. ResultadOs. No total da casuística, apenas a proteinúria à urina I associou-se de maneira independente ao desfecho. Entre os 175 pacientes com filtração glomerular inicial superior a 60 ml/min, a presença de proteinúria à urina I, o gênero feminino e a idade igual ou superior a 50 anos foram preditores da evolução para filtração glomerular final igual ou inferior a 60 ml/min. COnClusãO. A proteinúria avaliada à urina I foi um fator de risco associado ao desenvolvimento de insuficiência renal crônica independente de outros co-fatores analisados. Hipertensos primários com proteinúria à urina I devem receber atenção redobrada no sentido de prevenir a evolução para insuficiência renal crônica.
Unitermos
intROduçãOHipertensão é definida como pressão arterial igual ou superior a 140 x 90 mm Hg em adultos com mais de 18 anos, medida em repouso de quinze minutos e confirmada em três aferições consecutivas e em várias visitas médicas 1 . Os rins são órgãos-chave na fisiopatologia da hipertensão arterial, sendo que a capacidade de excreção de sódio e a exacerbação da secreção de renina desenvolvem papel primordial na gênese desta patologia 2 .O aumento do nível pressórico tem sido ligado à doença renal desde 1835, quando Richard Bright descreveu uma doença na qual a necropsia mostrava pacientes com rins contraídos e coração hipertrofiado 3 . Atualmente, a hipertensão é a segunda maior causa de insuficiência renal crônica terminal 4,5,6 . As duas patologias podem estar ligadas principalmente de duas maneiras: a hipertensão arterial, quando em fase maligna, pode levar a quadro de nefroangiosclerose por endarterite obliterante e arteriolite necrotisante; e a forma dita "benigna" pode levar ao quadro de nefrosclerose hipertensiva e perda progressiva e lenta da função renal 7 .A insuficiência renal crônica terminal (IRCT), quadro em que há necessidade de diálise ou transplante renal, é uma situação clínica cuja prevalência no Brasil é de aproximadamente 391/ 1.000.000 de habitantes 8 . A prevalência e incidência da IRCT têm aumentado progressivamente em escala mundial com crescente aumento nos custos para o sistema de saúde 6,10 .No Multiple Risk Intervention Trial, aproximadamente 350.000 hipertensos foram seguidos e o risco de desenvolvimento de IRCT foi de 15 / 100.000 hipertensos por ano 11 . Dessa forma, temos que grande parte dos pacientes em diálise chegou a esta situ...