89NETO PRF, RAMOS LAG, SILVA LC, FERNANDES CKM, LACERDA-FILHO A. Uso neoadjuvante do mesilato de imatinibe no tratamento de GIST retal volumoso: relato de caso. Rev bras Coloproct, 2011;31(1): 89-93.RESUMO: Tem sido relevante o papel das drogas que interferem na atividade tirosina-quinase dos receptores c-kit, no tratamento dos tumores derivados do estroma gastrintestinal (GISTs), sobretudo em tumores volumosos. Relata-se o caso de um paciente do sexo masculino, 56 anos, obeso, com quadro de peso retoanal associado a tenesmo e à sensação de evacuação incompleta. Foi diagnosticado volumoso GIST de reto inferior de localização posterior, visualizado por ressonância magnética e confirmado por estudo imunoistoquí-mico em punção-biópsia parassacral, guiada por tomografia. A impressão inicial foi de necessidade de amputação abdômino-perineal do reto, pois havia importante compressão do canal anal e do aparelho esfincteriano. Optou-se, então, por indicação de neoadjuvância com mesilato de imatinibe (Glivec ® ) na tentativa de preservação esfincteriana. Após quatro meses de tratamento, apresentava, ao toque retal, redução significativa (cerca de 50%) do volume da massa e em menor grau à ressonância magnética. Paciente foi submetido à excisão total do mesorreto e anastomose colo-anal manual, com ileostomia protetora. Evoluiu com necrose do cólon abaixado, tendo sido realizada ressecção do mesmo e colostomia terminal ilíaca. O paciente recusou a se submeter a uma nova tentativa de abaixamento colo-anal, tendo sido fechada a ileostomia e restabelecido trânsito pela colostomia ilíaca. No tratamento dos GISTs de reto muito volumosos ou irressecáveis, deve-se avaliar a indicação pré-operatória do imatinibe, uma vez que a cirurgia radical deve ser sempre indicada, a fim de minimizar a possibilidade de recorrência local. Palavras-chave: câncer retal; neoplasias colorretais; cirurgia; antineoplásicos.
Uso neoadjuvante do mesilato de imatinibe no tratamento deGIST retal volumoso: relato de caso
INTRODUÇÃOOs tumores do estroma gastrintestinal ou gastrointestinal stromal tumor (GIST) são neoplasias mesenquimais que se originam da parede de vísceras ocas do trato gastrintestinal, podendo atingir o intestino grosso em cerca de 5% dos casos, principalmente o reto. A ressecção cirúrgica, dentro dos princípios oncológicos, é a base do tratamento destas neoplasias.Por outro lado, tem sido relevante o papel das drogas que interferem na atividade tirosina-quinase dos receptores para fator de crescimento tumoral, como o mesilato de imatinibe. Tais drogas vêm sendo utilizadas no tratamento dos GISTs volumosos ou metastáticos, com resultados promissores. Ultimamente, têm surgido relatos de sua utilização também como tratamento neoadjuvante de tumores volumosos, no intuito de diminuir seu volume, facilitando a abordagem cirúrgica e