Supervisão de equipes no Programa de Saúde da Família: reflexões acerca do desafio da produção de cuidados

Abstract

Investiga-se uma experiência de supervisão de equipes de saúde da família no município de Ribeirão Preto, utilizando o referencial da análise institucional e de grupo operativo de Pichon-Rivière como forma de facilitar a auto-análise e auto-gestão, num processo contínuo de construção, desconstrução e reconstrução de saberes e práticas, construção de uma grupalidade na equipe e de um projeto coletivo, com o propósito de deslocar a atenção da equipe, da produção de procedimentos para a produção de cuidado. Enfocam-se as dificuldades do supervisor em romper com as próprias matrizes de produção de procedimentos mais que de cuidados; de lidar com a divisão técnica e social do trabalho em saúde, buscando um trabalho mais democrático, participativo e de respeito às diferenças; de lidar com a questão dos preconceitos e com as pré-concepções dos trabalhadores em relação aos usuários e com a desconstrução da relação poder/saber; de apoiar a equipe na análise das implicações inerentes à própria relação de atendimento, do estabelecimento de vínculo e responsabilização que tem se mantido escondido atrás do trabalho técnico. Os aspectos assinalados como dificultadores podem ser também facilitadores pela potência de abrir-se para múltiplas possibilidades de ação e criação, ao serem analisados pela equipe.

Atuação do auxiliar de enfermagem na Estratégia Saúde da Família

“…The health action centered in the logic of the care production is translated into the work oriented to the problems, needs and life quality of the user. They are actions that, besides producing the procedures inherent to the case, center the care in the human relations, production of bond, user embracement, user autonomy in his own care, using mainly light technologies that produce welfare-relation (16) .…”

“…The work based on the medical centered model, in which the work is organized to act over the problems through the medical appointment, reduces the care dimension of the team. In order to work as a care operator, the health professional must assume his caregiver role and broaden his abilities, incorporating into his resources and instruments of action the light technologies, technologies of relation, promoting the increase of autonomy in the users and commitments to the defense of life (16) .…”

Incorporação teórico-conceitual e metodológica do educador Paulo Freire na pesquisa

“…Esta atitude (3) afoga a liberdade dos participantes (usuários), pois amesquinha o seu direito de estar sendo curioso e inquieto, e o verdadeiro diálogo só acontece quando os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, respeitando-se, sendo coerentes e assumindo o seu inacabamento, tornam-se éticos. O que é mencionado na literatura (12)(13) , sobre a ausência do usuário como protagonista de seu próprio viver e da produção de seu cuidado com o trabalhador e a equipe, visto que ainda coloca a população fora do âmbito das decisões sobre o que lhe diz respeito.…”

Coordenação de Unidade da Atenção Básica no SUS: trabalho, interação e conflitos

“…Vários autores apontam que a reunião da equipe tem potencialidade para se constituir em um espaço democrático de discussão entre os trabalhadores, que favorece a colaboração e a articulação entre eles Matumoto et al, 2005;e de Peduzzi et al, 2011). Isso certamente teria impacto positivo sobre a ocorrência de conflitos entre eles, se estes espaços de reunião se constituírem em encontros que propiciem a manifestação e discussão entre os participantes e não em espaços apenas informativos.…”

“…Então ela procura colocar essas pessoas e aos poucos ela coloca algumas pessoas para irem treinando, aprendendo. Por exemplo, a funcionária nova que está sendo treinada na farmácia, ela foi colocando aos poucos, intercalando em alguns horários para ela ir aprendendo (T15 Também foi observado e relatado, que a existência de espaços de discussão e decisão compartilhada entre os trabalhadores é relevante para assegurar trocas e permitir a tecnicamente competente" (Ceccim, 2005, p. 976 Matumoto et al, 2005;Peduzzi et al, 2011 a equipe e é ele quem faz a mediação entre os envolvidos no conflito (Prochnow et al, 2007;Spagnol, 2006 O fato do gerente se mostrar mais mobilizado nos conflitos que envolvem usuários possivelmente se deve ao fato do mesmo ter clareza de que atender suas necessidades de saúde é a atividade fim da unidade e se sente responsável em criar condições para que isso ocorra.…”