“…Hassan Sader Gamarra encarna o narcisismo do sujeito totalitário (Olivieri-Godet, 2009), o sentimento de onipotência e, ao mesmo tempo, de impunidade próprios ao torturador por se saber protegido pelo sistema tirânico vigente, que lhe possibilita, inclusive, o exercício privado do terror. O romance realiza um cruzamento estilístico entre o realismo feroz das cenas de tortura, compartilhado por várias narrativas da ditadura militar, e a descrição expressionista da paisagem como fazendo parte integrante de um ambiente assustador, no qual evoluem tuiuiús devorando cadáveres (Terron, 2017a, p. 128), sucuris engolindo seres humanos (Terron, 2017a, p. 212), cães famintos atacando defunto (Terron, 2017a, p. 295), urubus esvaziando carcaças (Terron, 2017a, p. 434).…”