A hospitalização é um estressor para crianças e seus familiares que pode afetar os desfechos em saúde, dependendo da forma como elas enfrentam a situação. Este estudo analisou como crianças lidam com indicadores de estresse fisiológico e psicológico relacionados à hospitalização. Participaram 20 crianças com cinco anos de idade em média, a maioria internadas por doenças crônicas, em um hospital público de Cuiabá/MT. Foram aplicados individualmente na briquedoteca: a) Índice de cortisol salivar matutino e vespertino, para medida de estresse fisiológico; b) Roteiro de entrevista sobre doença e hospitalização -versão criança; e c) Escala de Coping da Hospitalização (COPE-H). O cortisol salivar estava acima do indicado em quatro crianças. Mais da metade da amostra relatou ter dificuldades causadas pela doença para realizar diversas atividades; sendo mais aversivos os procedimentos médicos invasivos. Apresentaram também respostas de estresse psicológico, com coping de desengajamento involuntário e voluntário dentro da média de idade. Relataram estratégias adaptativas para lidar com a hospitalização, como assistir TV, conversar, tomar remédio e, especialmente, brincar, avaliado como redutor do estresse por quase metade das crianças. Contudo, metade da amostra apresentou um padrão de coping mal adaptativo da hospitalização abaixo do esperado para a idade. Não houve correlações significativas entre o índice de cortisol salivar e o coping. Coerentemente com a literatura da área sobre as limitações impostas pela hospitalização e as consequências psicossociais para a criança e o familiar cuidador, os resultados indicam a importância de intervenções no coping da hospitalização para essa população nessa faixa etária.Palavras-chave: Estresse. Coping. Hospitalização. Criança.
INTRODUÇÃOO processo da hospitalização pode ser um momento difícil e doloroso para a criança, estando em geral associado à separação da família, amigos, escola, mudanças da rotina diária, adentrando em um ambiente não muito agradável e, às vezes, sem o devido acolhimento 1,2 . Esses fatores podem desencadear estresse e ansiedade, gerando uma condição complexa quando ocorrem de maneira exagerada, apresentando possíveis sintomas, como tremores, medo, insônia, alteração de apetite, inseguran-ça, choro, irritabilidade, agressividade, pânico, revolta, fobia, entre outros 3,4 .Os impactos dessa condição no desenvolvimento e recuperação de crianças e adolescentes dependem de muitas variáveis, incluindo estar a hospitalização relacionada a uma condição aguda ou crônica (doença com duração maior que três meses) 5 . Neste último caso, deve-se considerar a duração, sintomatologia, gravidade, visibilidade da doença, tipos de intervenções médicas necessárias, característi-