ResumoCompreender o desfasamento originado pela atividade civil-militar e seus efeitos na estratégia é um contributo essencial para a prática da estratégia. Partindo da análise de casos de valor intrínseco para esta investigação, avalia-se a prática da estratégia para demonstrar que o desfasamento entre política e estratégia militar resulta do facto de a guerra, como variável dependente da política, assumir variações imprevisíveis, que obriga a que a estratégia, como variável interveniente e como atividade resultante das relações civis-militares, seja definida como teoria do sucesso. Este argumento está baseado em três explicações para a existência daquele desfasamento: (1) a natureza da guerra influencia a natureza e a eficácia da estratégia militar, porque os atores envolvidos atuam num ambiente de imprevisibilidade;(2) a estabilidade e a coerência da relação entre política e guerra, materializada na prática da estratégia militar, obriga a considerar que a razão da estratégia é o sucesso;(3) a eficácia das relações civis-militares é determinante para diminuir as tensões naturais entre a ação política e a ação militar. Conclui-se que a estratégia militar, como resultado do domínio das relações civis-militares, segue as dinâmicas da complexa relação entre política e guerra.