O texto busca apresentar a relação entre sonho e mito tematizando o pensamento selvagem. A teoria dos sonhos e o conceito de inconsciente freudiano admitem uma noção ampliada de pensamento. Algumas concepções de pensamento na filosofia ganham convergência no debate estruturalista. São expostos aspectos da interpretação da obra de Lévi-Strauss, empreendida por Paul Ricoeur, no debate da revista Esprit, visando especialmente La Pensée Sauvage que havia sido publicado com impacto. Igualmente interessa examinar a questão do sujeito acompanhando considerações sobre uma teoria do sentido, da consciência e da história. A réplica de Lévi-Strauss será abordada neste contexto. O advento do Mitológicas, gestado em um debate que evitava estabelecer uma oposição entre etnologia e hermenêutica, coexiste com um crepúsculo das obras canônicas de sonho e mito. Esta obra, ainda pouco explorada, contribui na etnologia de mitos e sonhos ameríndios, assim como para uma renovada concepção da clínica psicanalítica. Uma retomada dos sonhos pode ser propiciada pelo pensamento ameríndio e seus experimentos com sonhos. Este renascimento é motivado pelo Antropoceno, que demanda outros modos de viver.