Resumo: O presente artigo se baseia na premissa de que o processo de neoliberalização da sociedade brasileira não acontece apenas de cima para baixo, mas conjuga-se, de forma híbrida, com regimes governamentais que nasceram nas periferias: mundo do crime, o pentecostalismo e as milícias. Em sua fase autoritária, a partir da ascensão da extrema direita e da implementação do governo Bolsonaro, parte desses dispositivos governamentais passam a ocupar o centro do Estado. Ao focar no pentecostalismo, o texto propõe uma genealogia sobre a virada autoritária brasileira, buscando as afinidades entre o pentecostalismo e bolsonarismo, com base na análise do diagrama da guerra, na recusa da humilhação, na ética de retribuição e na emergência de um novo regime de verdade.