Sobrevivendo Aos Extremos: O Estabelecimento De Vínculos Na Clínica Com Adolescentes

Abstract

A adolescência é permeada por mudanças e ressignificações que podem causar grandes sofrimentos psíquicos. A construção do vínculo terapêutico com adolescentes é delicada e permeada por aproximação e afastamento, evidenciando manifestações de transferência positiva e negativa. O presente estudo tem por objetivo analisar o estabelecimento do vínculo terapêutico com uma adolescente atendida em psicoterapia psicanalítica. Para tanto, foram analisadas 30 sessões e selecionados os fatos clínicos relativos ao estabelecimento do vínculo entre pacientepsicoterapeuta. Inicialmente, a paciente atacava a psicoterapeuta de forma intensa e explícita; posteriormente, a transferência negativa diminuiu e a transferência positiva se tornou cada vez mais presente nas sessões. A construção do vínculo demandou a capacidade da psicoterapeuta de acolher, suportar e sobreviver aos ataques da paciente, favorecendo o abandono de organizações defensivas e a possibilidade de refletir sobre sua problemática. Assim, concluiu-se que a capacidade negativa e a tolerância do psicoterapeuta são essenciais para a construção do vínculo com adolescentes.