Sobre risco, violência e gênero: revisão da produção da saúde sobre o sexting entre jovens

Abstract

Resumo Trata-se de uma revisão sistemática acerca da produção do campo da saúde sobre o sexting entre 2009 e 2019. Buscou-se analisar a produção científica com relação ao seu contexto de produção (gênero da primeira autoria, ano da publicação e país de realização), tipo de publicação, área do conhecimento, temas e sujeitos abordados e qual concepção apresentam sobre o sexting. Foram analisadas, durante o segundo semestre de 2019, as 147 publicações disponíveis no PubMed, que tinham o sexting como tema central. A busca foi feita pelo termo sexting. Foi realizada análise de estatística descritiva que envolveu um cunho interpretativo, de modo a avaliar a abordagem do risco, da violência e de gênero nessas publicações. A maioria delas tem mulheres como primeiras autoras, foi produzida nos Estados Unidos entre 2017 e 2019 e realizou abordagem quantitativa (aproximadamente 65%). Cerca de metade das produções teve como tema central a prevalência do sexting ou o comportamento de risco entre adolescentes. A grande maioria atribuiu de algum modo ao sexting um comportamento de risco, e do qual se deduz violência (70%). Uma pequena parte das publicações apresentou uma abordagem de gênero (menos de 15%). Ao não distinguir práticas saudáveis de violentas, as produções do campo da saúde têm realizado análises insuficientes do sexting.

Trend and spatial pattern of intimate partner rape notifications against women in Northeast Brazil (2013–2022)

“…Despite the observed increasing trend in rape rates perpetrated by all categories of intimate partners and across all age groups, it is notable that the highest percentage of annual growth occurred among cases involving boyfriends/ex-boyfriends and victims aged 15 to 19. These findings underscore the significance of violence within dating relationships, a phenomenon well-documented in other research 33 , 34 , where women are primarily victimized, particularly in cases of sexual and/or physical aggression. It is also important to highlight that this form of violence is increasingly facilitated by technology, such as the dissemination of sexual images and videos without consent 33 , 34 .…”

“…These findings underscore the significance of violence within dating relationships, a phenomenon well-documented in other research 33 , 34 , where women are primarily victimized, particularly in cases of sexual and/or physical aggression. It is also important to highlight that this form of violence is increasingly facilitated by technology, such as the dissemination of sexual images and videos without consent 33 , 34 . A study examining sexual violence notification rates among adolescents revealed a rising trend across all regions of Brazil between 2011 and 2018, with the Northeast exhibiting the lowest rates and percentage variation 35 .…”

Nude Leaking: from moralization and gendered violence to empowerment

“…Finally, concerning the approach to this topic, we observe a discursive tone in health-derived productions, associating "sexting" with risk behaviors with STIs, early sexual initiation, and the demand for intervention measures. This production's background is the blame, accountability of young people, and the dictates about exercising sexuality with a strong gender bias 36 . This perspective still permeates the ways of dealing with this issue concerning health care, where digital violence and how subjects face it is rarely discussed.…”

Vazamento de Nudes: da moralização e violência generificada ao empoderamento

“…Finalmente, no que diz respeito à abordagem desse tema, há uma tônica discursiva nas produções oriundas da saúde, associando "sexting" a comportamentos de risco com Infeções Sexualmente Transmissíveis, iniciação sexual precoce e a demanda por medidas de intervenção. Essa produção tem como pano de fundo, a culpabilização, responsabilização dos jovens e ditames sobre o exercício da sexualidade com um forte viés de gênero 36 . Esse olhar ainda impregna as formas de lidar com esse tema no que concerne o cuidado à saúde, onde a violência digital e as formas de seu enfrentamento pelos sujeitos é em geral é pouco discutida.…”