Desenvolve-se uma reflexão em torno das noções de campo expandido, de hibridismo, de inespecifidade e, principalmente, de pós-autonomia que, embora tenham surgido em diferentes momentos da crítica literária contemporânea, convergem entre si no que diz respeito à recepção de produções literárias latino-americanas no último quartel do século XX e no início do século XXI. Para fins exegéticos, lê-se evidências de uma ficção pós-autônoma que também possibilita leituras críticas sob essa mesma perspectiva na produção recente da escritora brasileira Veronica Stigger, sobretudo em seu livro Sombrio Ermo Turvo (2019). Verifica-se que os vinte e quatro textos que compõem essa obra apresentam modos de expansividade de uma arte fora de si, o que os tornam “formas mutantes”. Por fim, conclui-se que o intenso crossover de dicções (autobiográfica, autofictícia, cômica, dramática, ensaística, irônica, intertextual, lírica, metafictícia, performática, realista, trágica), de discursos e de formas nos textos inclassificáveis de Sombrio Ermo Turvo expande os limites entre as fronteiras literárias tradicionais. Logo, os hibridismos típicos da escrita de Stigger tornam obsoletos os binarismos ficção x realidade, verdade x simulacro, autobiografia x autoficção e testemunho x invenção, o que possibilita a crítica ler seus escritos inespecíficos como ficções pós-autônomas.