Em um contexto de uniformização dos hábitos alimentares e sob um sistema agroalimentar hegemônico, a reprodução social camponesa e a patrimonialização de práticas e saberes locais associados à alimentação são formas de resistência. Neste ensaio, nosso objetivo é discutir o papel das comunidades camponesas na salvaguarda de patrimônios culturais imateriais alimentares. Para tal, discutimos o referencial teórico de campesinato, apontando para a sua heterogeneidade no Brasil e destacando a perspectiva da resistência; apresentamos o emergente debate acerca dos patrimônios culturais imateriais associados à alimentação; e propomos um diálogo entre as discussões sobre campesinato e patrimônios alimentares. Ao analisar o campesinato sob a perspectiva da resistência (a histórica, do cotidiano, da permanência no campo e da reprodução social e cultural de seus modos de vida), argumentamos que os diferentes patrimônios culturais imateriais são componentes do seu cotidiano e nele se reproduzem.