Sintonia e amizade entre patrões e donos de morro: perspectivas comparativas entre o comércio varejista de drogas em São Paulo e no Rio de Janeiro

Abstract

IntroduçãoO presente artigo é resultado de uma série de discussões entre os autores, que anteriormente realizaram pesquisas etnográficas sobre as dinâmicas criminais em periferias paulistas e favelas cariocas. Durante essas discussões identificou-se que quase inexistem estudos comparativos entre Rio de Janeiro e São Paulo e então surgiu a ideia de prospectar esse terreno. Um esforço de pesquisa de maior amplitude será desenvolvido por meio de pesquisa conjunta em um projeto iniciado no ano de 2014 O escopo deste artigo é relativamente restrito, porque pretende apenas salientar algumas dimensões de uma possível comparação da venda de drogas em cada uma 1. Projeto Temático Fapesp "A gestão do conflito na produção da cidade contemporânea: a experiência paulista", coordenado por Vera da Silva Telles. 2. As questões levantadas neste trabalho resultam da valiosa interlocução que tivemos o privilégio de manter, ao longo dos últimos anos, com diversos pesquisadores que se debruçaram sobre os temas aqui abordados, como

Creating (Il)legal Markets: An Ethnography of the Insurance Market in Brazil

“…(…) Once the illegal market of auto parts is eradicated, the segment is regulated and strictly inspected by the State, we shall see significant improvements in public safety and a large number of direct jobs shall be created in specialized garages. 15 10 There are several related research pieces in Sociology and Anthropology focused on public safety policies (de Lima, Ratton & de Azevedo 2012;Feltran 2018Feltran , 2017Feltran , 2016; the 'world of crime' (Feltran 2018;Biondi 2016;Hirata & Grillo 2017;Hirata 2018;Hirata & Grillo 2019, in this dossier); police forces (Sinhoretto 2014;Durão 2011); prisons and juvenile detention centers (Godoi 2010;Padovani 2015;Mallart 2014); legal-illegal market management (Telles 2010;Hirata 2018;Rabossi 2004); and the war on drugs (Fiore 2012), especially on crack (Rui 2014;Magalhães 2015;Fromm 2016 and. 11 'This mode defines for itself an object of study that cannot be accounted for ethnographically by remaining focused on a single site of intensive investigation.…”

Inserções etnográficas ao universo do crime: algumas considerações sobre pesquisas realizadas no Brasil entre 2000 e 2017

“…Mas estar preso não significa isolamento, já que há algumas décadas os donos de morros têm encontrado meios de comandar o tráfico em suas áreas de domínio do interior dos presídios -desde meados dos anos 1990 a tecnologia dos telefones celulares tem possibilitado maior intensidade e rapidez nessa comunicação. De acordo com Grillo (2017), esse controle de dentro da prisão pelos "donos de morro" só tem sido possível por causa das alianças com outros "donos de morro" -destas alianças nascem, remodelam-se, fundem-se e fragmentam-se comandos. Enquanto estão presos, esses "patrões do tráfico" elegem certos homens de sua confiança, os chamados "responsáveis" ou "frentes de morro", a quem delegam a função de gerenciar o tráfico em suas áreas.…”

“…Nessas circunstâncias, uma guerra se inicia, o frente em liberdade conta com o apoio de lideranças de facções rivais presas. De acordo com Grillo (2017), os chamados golpes de estado orquestrados pelos frentes de morro não são mais recorrentes, porque os donos de morro presos costumam contar com homens e armas de outros donos de morro, presos e soltos, seus aliados.…”

Letalidade policial e criminalidade violenta

“…Historically, the security forces have interfered in this dynamic in an intermittent way by controlling or interrupting conflicts or making occasional raids in poor communities to confiscate firearms, drugs and arrest individuals in flagrante delicto. This pattern of patrolling is frequently associated with shootouts, due to the strong armed reactions of criminals wishing to prevent the entrance of the police into their areas of control (Hirata & Grillo, 2017), and high mortality rates caused by police officers. In 2018, the state of Rio de Janeiro had the highest number of police killings in Brazil, 9.2 per 100,000 inhabitants.…”