Singularidades De Uma Personagem Juvenil Em Quadrinhos De Neil Gaiman

Abstract

RESUMO: Este artigo objetiva analisar a construção do suspense na narrativa ficcional juvenil em quadrinhos, suas singularidades, recursos e funcionalidades, a partir da análise de exemplos da graphic novel Coraline (2008) de Neil Gaiman. Nossas observações se iniciam com dados sobre as ficções direcionadas aos jovens e o espaço historicamente construído sobre a história em quadrinhos, em seguida, tecemos considerações específicas sobre linguagem visual, e por fim, discutimos como se articulam esses pontos na obra em destaque. Fundamentamos nossa leitura em Jouve (2012) para definir arte, Dondis (2015) sobre as expressões imagéticas, Barbieri (2017) e Mastroberti (2017) para analisar as HQ’s, e Hutcheon (2013) a respeito das várias linguagens presentes em nossa sociedade. Por fim, concluímos que a narrativa sequencial apresenta potencial provocador para construção do leitor literário jovem, uma vez que incita a leitura a partir de sua linguagem imagética e pluridimensional.

Singularidades De Uma Personagem Juvenil Em Quadrinhos De Neil Gaiman

“…É nesse sentido que a nossa discussão se pauta: apresentar alguns apontamentos e aspectos, que contemplem as narrativas sequenciais enquanto obras autônomas, e atentar para as propriedades significativas e a capacidade de sentidos que lhe são intrínsecos. Para tanto, baseando-nos em Jouve (2012) que revela a dificuldade em se falar e definir arte, Dondis (2015) sobre a importância da linguagem visual e as expressões imagéticas, Barbieri (2017) que pontua o intercruzamento de linguagens nas Histórias em quadrinhos (doravante HQ's), e o trabalho de Mastroberti (2017) que discute alguns aspectos sobre a supervalorização da palavra e a desvalorização das imagens. Além do pensamento de Hutcheon (2013) a respeito das várias linguagens presentes em nossa sociedade.…”

“…Os quadrinhos, por exemplo, aguçam o pensamento visual, pois a imagem é o seio de sua estrutura. Barbieri (2017) realiza um estudo sobre a conexão entre linguagens e mostra como algumas delas caracterizam as HQ's, entendendo que elas não estão isoladas. Nessa direção, deixamos de perceber as linguagens apenas como instrumentos comunicativos, e lançamos o olhar para a concepção de que fazemos parte das linguagens na medida em que constituímos estas e somos constituídos por elas.…”

“…Historicamente, as imagens presentes nas HQ's derivam das ilustrações, por exemplo. No entanto, diferem delas, pois a relação textoimagem se alinha de maneira diferente, já que a imagem dos quadrinhos está para a ação, enquanto a ilustração comenta a narrativa, materializando e pontuando o que não está nas linhas verbais, tendo assim, um caráter de integrar e enriquecer a narrativa verbal (Barbieri, 2017). Além do mais, ainda temos outras linguagens das quais os quadrinhos não nasceram, mas que possuem entre si a gênese histórica, que as conectam como ocorre com a pintura e a fotografia.…”