“…Neste sentido, apenas ações multidimensionais simultâneas podem evitar a perpetuação de fontes geradoras de desigualdades duráveis (TILLY, 1999), ao passo em que se modificam as mentalidades de indivíduos, grupos, organizações e da sociedade em geral. Para efeitos deste trabalho, assumimos que na sociedade brasileira a exclusão pode ser entendida mais como a participação insignificante ou muito desproporcional à representatividade social de certos segmentos nos processos promotores de bem-estar e prosperidade que a sua total ausência nesses processos, derivada de uma nítida segregação.Alguns autores brasileiros apontam ganhos significativos de inclusão social nos últimos anos, mas denunciam a persistente intolerância em relação a alguns grupos e criticam a conversão de direitos de conteúdo político à operacionalização de uma ideologia organizacional, cujo gerenciamento visa à criação de vantagens competitivas e fins instrumentais; ou seja, a partir de uma ideologia tecnocrática, o tratamento de desigualdades sociais é deslocado do âmbito político para o da gestão de recursos humanos, mascarando preconceitos e evitando um debate mais profundo no interior da própria sociedade (ALVES; GALEÃO-SILVA, 2004;HANASHIRO, 2010;SARAIVA;IRIGARAY, 2009).Podemos dizer que a gestão da diversidade pelas empresas no mundo desenvolvido foi inicialmente uma resposta à necessidade de cumprir exigências legais passando gradativamente a significar uma ferramenta gerencial para lidar com um ambiente de trabalho mais heterogêneo e plural, em seguida é vista como um possível diferencial na gestão de pessoas e da qualidade do clima de trabalho até chegar ao momento atual em que ela pode ser considerada um valor na cultura e na mentalidade da organização (CHANLAT et al, 2013;FLEURY, 2000;HANASHIRO, 2010; SAJI, 2005); em todas essas fases, existiu e existe sempre o potencial de uso do programa para gestão de imagem, o qual se torna mais ou menos crível na medida em que ocorre a real integração e não apenas a inserção de "diferentes"; ou seja, se ocorre compatibilidade entre aquilo que a organização diz e o que ela faz.De uma maneira geral, percebe-se certo amadurecimento no tratamento da temática, especialmente pelas grandes empresas globais, as quais devem se adequar às diferentes realidades econômicas, sociais, políticas e culturais de diversas sociedades para melhorarem a sua competitividade e legitimarem-se perante elas. Essas organizações repassam parte deste aprendizado para suas subsidiárias espalhadas no planeta, gerando, muitas vezes, um positivo mimetismo por parte das organizações locais (IRIGARAY, 2008;BORGES, 2012).…”