Sentidos De Educação Ambiental Mobilizados Em Discursos De Professores De Escolas Envolvidos Na Formação De Licenciandos Em Ciências Biológicas

Abstract

ResumoApesar de destacada em documentos legislativos, as escolas habitualmente abordam a Educação Ambiental (EA) de forma fragmentada e pouco consolidada. A formação inicial e continuada dos professores tem influência sobre esse panorama. Nosso objetivo foi interpretar os sentidos sobre EA, sobre a formação docente para a EA e sobre as ações em EA nas escolas mobilizados em discursos dos professores de instituições do Ensino Básico onde estagiavam licenciandos de Ciências Biológicas. Aplicamos questionários semiestruturados e nos embasamos no referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso de linha francesa. Como resultados, observamos pequena diversidade de sentidos em relação à EA, com uma hegemonia daqueles relacionados à mudança de hábitos para preservar recursos, de EA para conservação e de EA restrita a aspectos biológicos. Alguns participantes também apresentaram uma hibridização entre EA e ensino de Ecologia. Nos discursos dos professores, as ações e discussões relacionadas à temática nas escolas são pontuais e pouco sistematizadas, carecendo de abordagens interdisciplinares, assim como se deu na formação inicial e continuada da maioria. Concluímos propondo o estabelecimento de uma relação mais orgânica entre escola e universidade, com ampliação de tempos e espaços para interações, incluindo reflexões e pesquisas coletivas que favoreçam a compreensão da constituição e mobilização de sentidos sobre a temática e problematizem seus reflexos no fazer docente.Palavras-Chave: Educação Ambiental; Educação em Ciências; Formação de Professores; Currículo Escolar; Análise de Discurso. AbstractDespite current Brazilian educational legislation highlights Environmental Education (EE), schools usually address this issue in a fragmented manner, poorly consolidated. The initial and continuing training of teachers have much to do with this situation. Our aim was to reveal the meanings about Environmental Education, about teacher training for EE and about the actions in EE in schools in the discourses of teachers who acted on basic education institutions where Science and Biology pre-service teachers made internship. We applied semi-structured questionnaires and we adopted the theoretical and methodological framework of the French Discourse Analysis. As a result, we found little diversity of meanings in relation to EE, with a pronounced hegemony of those related to change habits to conserve resources, EE for conservation and EE restricted to biological aspects. Some participants also showed a hybridization between EE and teaching Ecology. In their discourses, actions and discussions related to the subject in schools are punctual and unsystematic, lacking interdisciplinary approaches, as occurred in the initial and continuing education of the majority. We propose the establishment of an organic relationship between schools and universities with more interactions, including collective reflections and research to foster the comprehension of elaboration and mobilization of meanings about EE and its influences on teach...

A Emergência das Noções de Formação, Livro Didático e Ambiental na Educação em Ciências

“…Assim, essa posição da EA permitiria ao aluno a emancipação como cidadão ativo, que possui capacidade para entender e mudar o seu entorno. Os artigos analisados, por vezes, combinam essas concepções (COSTA; ECHEVERRÍA; RIBEIRO, 2017;LUCATTO;TALAMONI, 2007) ou apresentam apenas uma delas (MOROZESK; COELHO, 2016;PASIN;BOZELLI, 2017). Entretanto, a perspectiva crítica da EA ganha mais destaque, sendo um discurso recorrente dentre os pesquisadores.…”

Espaços de resistência no currículo:

“…Embora o debate tenha estado presente no campo da pesquisa em EA, recentes mudanças no contexto das políticas públicas a nível nacional pode nos indicar que é preciso ressignificar a discussão sobre o "lugar da EA" nos currículos. Alguns autores destacam que a EA deve fazer parte da formação profissional (BERNARDES; PRIETO, 2010), colabora para a efetivação da ambientalização das universidades (SORRENTINO; BIASOLI, 2014), e para o contato com a EA na formação docente para que seja inserida nas práticas pedagógicas dos professores (TORALES, 2013;PASIN;BOZELLI, 2017). Araruna (2009) aponta que a PNEA e as Diretrizes Curriculares da EA geram confusão quanto às características teórico-metodológicas da EA a ser ensinada e à sua presença de fato no currículo visto que não definem como a EA deve ser inserida no currículo.…”

Análise da implantação da disciplina Educação Ambiental no curso técnico em meio ambiente de um colégio federal

“…É necessário, portanto, investigar se a EA tem sido efetivamente incorporada aos currículos escolares e como essa incorporação tem se dado. Na literatura existem estudos que analisam se ela está presente no discurso dos docentes e quais os tipos de enfoque que vêm sendo dados para a temática nas escolas e nos cursos de formação de professores (PIRES; FRANCISCHETT, 2014;SANTOS;SANTOS, 2016;PASIN;BOZELLI, 2017). Alguns desses estudos serviram como referência para o desenvolvimento desta pesquisa.…”