Neste artigo, apresentam-se algumas reflexões sobre o uso pedagógico de sistemas aquapônicos no ensino de ciências e matemática, fundamentadas em análise teórica com base bibliográfica. Discute-se o modo como essa proposta didático-metodológica pode engendrar ambientes de aprendizagem propícios a diminuir a distância entre teoria e prática e a integrar as disciplinas de caráter científico com a tecnologia. Dentre os textos analisados, destacam-se duas experiências didáticas, uma delas desenvolvida pelo segundo autor, em sua dissertação de mestrado (SOUZA, 2018), e a outra foi por ele orientada, realizada no contexto de um projeto de conclusão de curso técnico (SILVA et al., 2018). As experiências descritas nesses trabalhos envolveram alunos da periferia e da zona rural da cidade de Itacoatiara, no interior do estado do Amazonas. Nelas, o uso da aquaponia justificou-se não só pelo seu potencial de permitir um trabalho colaborativo e investigativo, mas também porque possibilitou atender uma demanda social da região: uma forma alternativa de cultivo de peixes e hortaliças, em uma região onde há abundância de água e o solo é pouco fértil. Para os fins deste artigo, essas experiências não foram aplicadas a um novo público de alunos, mas, sim, analisadas a partir de novo enfoque, ampliando a perspectiva original desses trabalhos para fins educacionais: a primeira, descrita na dissertação, foi analisada segundo a perspectiva das possibilidades e limitações do uso educacional da aquaponia; e a segunda, discutida no projeto de conclusão, foi analisada à luz dos pressupostos da modelagem matemática, sendo reapresentada como proposta didática. Conclui-se o trabalho argumentando que o uso pedagógico de sistemas aquapônicos pode contribuir para o ensino de ciências e matemática com um suporte empírico-concreto em atividades organizadas segundo os pressupostos da modelagem matemática e com situações didáticas abertas a questões de relevância social.