Saúde e trabalho docente durante o ensino remoto emergencia

Abstract

O presente artigo reporta e discute os resultados preliminares de um estudo sobre o trabalho docente em instituições de ensino superior, realizado durante a modalidade do ensino remoto emergencial, no período da Pandemia por Covid-19. As reflexões neste texto se baseiam na análise de dados quantitativos e qualitativos obtidos a partir da aplicação de um questionário de abrangência nacional, com grau de confiança de 95% e margem de erro de 5%, e que obteve 399 respostas válidas, em observância aos critérios estabelecidos pela pesquisa. Os resultados evidenciam dificuldades enfrentadas por docentes durante o regime remoto emergencial. Em um cenário inédito, caracterizado pela Pandemia por Covid-19 e pela adoção do teletrabalho em larga escala, verificaram-se alterações das condições, formas de gestão, organização do trabalho e ampliação das exigências laborais, fatores que impactaram a saúde física e mental de professores(as). O esgotamento profissional decorrente de uma conjugação de fatores relacionados ao trabalho e à Pandemia por Covid-19 aparece entre as formas de adoecimento mais típicas desse período. O estudo abre caminhos para o aprofundamento de temáticas relevantes para a prevenção contra o adoecimento e a promoção da saúde.

Condições De Trabalho E Ingresso Do Professor Em Início De Carreira Na Rede Estadual De MS

“…Para que o professor consiga atingir objetivamente os resultados exigidos, ocorre a intensificação do seu trabalho com carga horária de trabalho excessiva, somado a isso, o aumento do número de alunos em sala a ser atendidos, burocracia para realizar a atividade laboral, submetido ao controle da administração, a qual seleciona o currículo, determinando os objetivos a serem alcançados e, como garantia para que se concretize, há elaboração de avaliações definidas e aplicadas pelo órgão central. De maneira oposta, diante da importância da função do professor, aspectos fundamentais para a profissionalização da atividade docente, como formação, duração da jornada de trabalho, remuneração e estrutura da carreira, deveriam receber o tratamento adequado nas pautas das políticas públicas educacionais (VIEIRA, 2004).…”

O Programa "Educação - Compromisso de São Paulo" e as estratégias de implementação das políticas empresariais na gestão escolar

“…Corroborando com essas constatações, Vieira (2004) afirma que o novo perfil da escola eficiente se consolidou por um modelo advindo do setor empresarial como, liderança do diretor, clareza em relação aos objetivos, clima positivo de expectativas no que se refere ao sucesso, espírito de equipe, capacitação dirigida aos profissionais da escola, planejamento, acompanhamento e avaliação dos processos que englobam a escola e o foco centrado no aluno como principal cliente da escola. Vieira ainda ressalta que nesse novo padrão de gestão, deve haver conteúdos e níveis mais definidos, avaliações que culpabilizem a escola pelo mal resultado, e o "sucesso" instituído como meta da produtividade (VIEIRA, 2004, pp.…”

Gestão empresarial na educação pública paulista (2006 - 2016)

“…Para Vieira (2004), essa visão de qualidade do taylorismo jamais será abandonada pelo capitalismo. Desde o fordismo aos atuais modelos de gestão empresarial toyotista/flexível, todo o esforço foi em alterar as estratégias de controle do processo de trabalho, mantendo-se na esfera produtiva muitos dos fundamentos taylorianos.…”

“…Nesse ambiente, a qualidade intrínseca, o custo, o atendimento, a moral, a segurança e a ética são formulações que passam a aprimorar o habitus dos agentes do mundo empresarial, elementos explicados por Vieira (2004) Trata-se de um dispositivo disciplinador da força de trabalho (...) (VIEIRA, 2004, p. 32). Bueno (2003), ao analisar um conjunto de autores que contribuiu para o aperfeiçoamento da concepção da qualidade total, empreendeu em seu exame quatro aspectos que ultrapassaram as produções teóricas 8 , os quais buscaremos relacionar a seguir.…”

“…Por essa razão, Vieira (2004) afirma que o elemento essencial da lógica da GQTE institui-se na combinação de "instrumentos de vigilância externa" sobre o trabalho dos docentes com discursos de "forte apelo moral" para o engajamento dos sujeitos nas mudanças educacionais em curso. Esse controle ideológico, produzido a partir de diferentes estratégias (materiais e subjetivas) atinge tanto a autonomia como as identidades sociais dos professores e das professoras.…”