Recente publicação neste periódico, abordando a temática das variáveis determinantes de comportamentos considerados não saudáveis entre universitários brasileiros 1 traz indicadores relevantes para a reflexão sobre esta população e demanda por novas reflexões e pesquisas na área. Historicamente elitizado, o ensino superior, especialmente o de natureza pública, tem se modificado consideravelmente nos últimos anos via políticas públicas de expansão, principalmente no que se refere ao perfil dos estudantes 2,3 . Na atualidade, praticamente metade dos estudantes de universidades federais brasileiras é oriunda das classes populares, o que contraria a ideia de que este perfil se concentra apenas em instituições privadas 4 . Neste contexto, a saúde do estudante é uma questão emergente, polissê-mica, que precisa ser compreendida a partir da interação entre as demandas inerentes ao Ensino Superior e os aspectos sociais, econômicos e pessoais 5 . Avançando nesta importante área de investigação, o estudo de Sousa et al.1 objetivou estimar as prevalências e os fatores associados aos menores níveis de atividades físicas no lazer, consumo insuficiente de frutas e de hortaliças, consumo de bebidas alcoólicas e hábito de fumar entre estudantes de uma universidade pública da região Nordeste do Brasil.É preocupante a constatação dos autores de que uma parcela significativa da população investigada não apresenta padrões considerados saudáveis no que se refere aos hábitos alimentares, prática de atividades físicas, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. Nessa linha de argumentação, discutem o impacto das questões de gênero, do histórico educacional dos responsáveis, da percepção das relações de ordem afetivas estabelecidas na determinação deste fenômeno. Embora o estudo priorize os aspectos elencados em uma única instituição, os achados corroboram dados de diferentes regiões do país 3 . No que se refere ao consumo de álcool e tabaco especificamente, estudos internacionais têm demonstrado que tal problemática se faz presente também na população universitária em diferentes países 6 , estando relacionada às questões de saúde mental. Assim, necessário se faz considerar a questão da vulnerabilidade e do sofrimento psíquico de uma parcela expressiva de estudantes universitários.Pode-se inferir que déficits no repertório de manejo de estressores associados às demandas e possibilidades presentes nesta nova contingên-cia contribuem para a emergência de padrões não saudáveis. Evidencia-se, portanto, a necessidade de desenvolvimento de novas pesquisas e ações singulares frente às diferentes demandas estudantis, a exemplo do monitoramento de indicadores de saúde e qualidade de vida do estudante universitário, observatórios de qualidade de vida dessa população, intervenções de responsabilidade institucional, dentre outras 1,7 . Desse modo, será possível favorecer a melhoria do processo de adaptação e consequentemente a melhoria da saúde, qualidade de vida e desenvolvimento das potencialidades dos universitários.