Os objetivos deste estudo foram analisar as percepções de doentes internados em enfermarias de clínica médica de um hospital universitário em relação aos médicos que os atendiam, assim como se tais percepções se enquadravam nos conceitos do método clínico centrado na pessoa ou no modelo biomédico. Um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, baseada na técnica de análise de conteúdo foi desenvolvido. Realizaram-se entrevistas individuais com 11 pacientes através de guia com perguntas abertas. Foram observadas narrativas relacionadas ao exame clínico e exames complementares. Os discursos revelam gratidão, satisfação com a atenção do médico e com a descoberta do diagnóstico. Observaram-se discursos que mostraram uma comunicação sobre o diagnóstico e a terapêutica entre o médico e o paciente, com discussão do que seria necessário para o melhor tratamento, conforme preconiza o método clínico centrado na pessoa, embora não tenha havido menção ao compartilhamento de tomadas de decisão. Observou-se que o saber médico teve uma posição de superioridade com relação ao dos pacientes, que assumiram atitude passiva, alguns deles não identificando qual era seu principal médico e com pouco entendimento sobre seus diagnósticos pela ausência de linguagem acessível, características que se enquadram no modelo biomédico. Como conclusão, as falas dos entrevistados mostraram que grande parte se sentiu bem atendida e revelou confiança e satisfação, havendo alocuções compatíveis com o método clínico centrado na pessoa. Contudo, não houve narrativas sugestivas de sua participação ativa nas decisões tomadas, observando-se, nesse aspecto, uma relação centrada no médico e/ou na doença.