Este estudo trata da conformação da medicina contemporânea como prática histórica e social, cuja prática vem sendo penetrada de forma crescente pela ciência e tecnologia. Busca-se, então, analisar as peculiaridades da relação entre ciência, tecnologia e o trabalho em saúde nas últimas décadas do século XX e o começo do século XXI. Tomou-se como material empírico o Tratado de Clínica Cecil Textbook of Medicine no qual foram analisados capítulos acerca de duas doenças específicas -hipertensão arterial e úlcera péptica -, além de textos acerca da educação médica e organização da assistência. Além disso, realizouse entrevistas com docentes e preceptores de escolas médicas. O material obtido permitiu identificar elementos nucleares da prática da prática médica, como a experiência clínica e a relação médico-paciente, tensionados pelo rápido desenvolvimento e incorporação das novidades tecnológicas no campo da saúde. A desvalorização social da experiência clínica pessoal em detrimento da sobrevalorização do respaldo científico dos procedimentos, submetidos a testes de eficácia de resultados, encerra uma prática cada vez mais prescrita e que obstaculiza as relações de confiança entre médicos e pacientes, elemento fundamental ao cuidado.Descritores: Ciência e saúde. Filosofia. Medicina clínica. Tecnologia. Trabalho. Sociologia médica.