“…Essa autorização da voz sagrada encontra ressonância em escritos de Pierre Bourdieu (1996) e de Eni Orlandi, quando esta última nota que no discurso religioso autoritário, "reformulando a definição que havia proposto, eu diria agora que no discurso religioso, em seu silêncio, 'o homem faz falar a voz de deus'" (Eni ORLANDI, 2007, p. 28) -o que, em relação ao Sagrado, Feminino pode ser compreendido como: neste discurso místico / espiritualista, as mulheres fazem falar a voz das deusas arquetípicas, e essas vozes reforçam peremptoriamente a polaridade homem / mulher. É possível, nesse trânsito não completamente realizado que pessoas transgênero (binárias e não-binárias) fazem pelos fiordes do Sagrado Feminino, que ao invés de sentirem-se empoderadas pelas deusas e pelas humanas, estas se sintam tão discriminadas e excluídas ao ponto de desenvolverem certa transfobia internalizada, quando a própria pessoa transgênero rejeita a si mesma por ser transgênero -algo recorrente em casos de missões católicas e evangélicas que pregam que homens e mulheres são criados/as por deus e que os sinais da criação encontram--se no corpo (Eduardo MARANHÃO Fº, 2014, 2016.…”