RESUMO: Este artigo analisa o modo como questões ligadas ao analfabetismo, escola, educação e experiência foram tratadas em canções compostas por sambistas brasileiros que se autodenominavam “malandros”. Dialogando com a história social inglesa, particularmente com os trabalhos de E. P. Thompson, considera que este cancioneiro constitui fonte histórica que permite o acesso a formas de pensar e sentir dos grupos populares quanto à escola e à educação, especialmente entre os anos 1930 e 1950, período em que esses sambas alcançaram sucesso por meio do rádio. Conclui que essas composições, mesmo tematizando sujeitos ou situações singulares, foram exercícios sonoros de crítica social e educação política, com a constância de certas tópicas: denúncia das desigualdades educacionais e escolares e do preconceito contra o analfabeto, conflito entre cultura letrada e cultura popular e, por fim, uma postura anti-intelectualista que desdenhava dos saberes escolares vistos como pouco úteis diante das urgências da vida cotidiana.