Responsabilidade e sentimento de culpa: uma vivência paradoxal dos profissionais de terapia intensiva pediátrica

Abstract

O objetivo deste estudo foi analisar a constituição da responsabilidade no trabalho de profissionais de saúde em uma unidade de terapia intensiva pediátrica. A pesquisa é de abordagem qualitativa, com coleta de dados mediante entrevistas com roteiro semiestruturado a um grupo heterogêneo de 14 profissionais. Foram realizadas observações sistemáticas em diversos horários de trabalho, em um total de oitenta horas, registradas em diário de bordo. A análise do discurso fundamentou-se na perspectiva foucaultiana. A partir deste estudo, aponta-se que o sentimento de responsabilidade é convertido em sentimento de culpa pelos profissionais, a partir de um entrelaçamento de regimes de verdades provenientes dos campos do poder judiciário, do Cristianismo e do saber médico, que incidem sobre as práticas. As dificuldades em lidar com limites na atuação profissional desencadeiam conflitos interprofissionais geradores de sofrimento no lidar com a morte de crianças.

Desdobramentos judiciais do erro na enfermagem

“…Physicians tend to have more autonomy over their actions and sometimes regulate the work of other health professionals, weakening multidisciplinary relationships and preventing effective integration with the team. (22) In this context, recognition by the legal system of the medical professional as a single expert, not consulting other professionals, even when other categories are involved in legal proceedings, reinforces the hierarchy present in the social imaginary and possibly compromises judgment.…”

“…A study that analyzed the constitution of responsibility in the work of health professionals in a pediatric intensive care unit emphasizes that practices in this environment are regulated by laws, truths derived from medical and legal knowledge and values of Christianity that goes back to a scenario in which responsibility is converted into feelings of guilt, suffering and conflicts among professionals. (22) This may occur in other institutions and professionals. To minimize this, there must be formation of a mental health support network of the nursing professional who tends to be subjugated in their work practice.…”