Representações sociais da velhice e do cuidado enunciadas por acadêmicos de fonoaudiologia e de enfermagem

Abstract

Objetivo: Analisar as representações sociais que estudantes de fonoaudiologia e de enfermagem têm sobre a velhice e sobre o cuidado ao idoso. Métodos: Pesquisa qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais. Participaram do estudo 25 acadêmicos, matriculados em duas universidades públicas e duas privadas, situadas no Sul do Brasil. Para a coleta das informações utilizou-se de entrevista semiestruturada, composta por questões abertas, que foram gravadas em mídia digital. Os dados da pesquisa foram organizados segundo o método do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: As representações sociais dos acadêmicos possibilitaram a organização de ideias centrais, ancoragens e do próprio Discurso do Sujeito Coletivo, indicando que, por um lado, os cuidados voltados aos idosos são fundamentados apenas no seu declínio físico, sendo o idoso destituído do seu poder de decisão e a velhice infantilizada. Por outro lado, as representações sociais dos estudantes, também, mostraram que a reciprocidade na relação entre cuidador e sujeito idoso pode dinamizar o processo de cuidar, ultrapassando estereótipos negativos sobre a velhice. Conclusões: A construção representacional sobre o cuidado voltado ao idoso, imbuída de estereótipos que resultam em um olhar negativo da velhice, merece atenção durante a formação de profissionais de saúde.

A extensão universitária e sua influência no processo formativo em gerontogeriatria

“…Por exemplo, a demanda acadêmica por vezes restringe estudantes a desenvolverem conceitos excludentes em relações a pessoas idosas, fomentando um modelo biologicista e conceitos sociais ultrapassados como de pessoas idosas serem diretamente relacionadas à incapacidade e a dependência (Melo et al, 2019). Assim, a extensão designase como recurso para romper fatores que contrapõem a integralidade da atenção à saúde de Research, Society and Development, v. 9, n. 10, e7219108991, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8991 8 pessoas idosas, que esbarram em representações sociais fundamentadas no modelo biomédico onde há uma preocupação excessiva com doenças em detrimento da qualidade de vida e bem estar (Mendes et al, 2018). Portanto, um projeto de extensão como validador de uma boa formação em gerontogeriatria é determinante para o sucesso de um cuidado pautado na autonomia e na independência do sujeito que envelhece.…”

“…A enfermagem gerontogeriátrica contribui para a formação do futuro enfermeiro, despertando-o para a importância de aprender a cuidar do ser humano idoso, tanto quanto saber cuidar dos outros seres humanos, e a extensão possibilita o aprimoramento desses saberes por meio da interação com a população que vivencia o processo de envelhecimento dentro de sua conjuntura e compreensões de mundo, ademais, a extensão garante sustentação para que o acadêmico e futuro profissional possa desenvolver habilidades assistenciais que englobem as diferentes realidades vivenciadas por idosos que participam de um projeto de extensão; idosos que em larga escala pertencem a um grupo de pessoas com uma estrutura econômica incapaz de oferecer educação e saúde de qualidade a sua população, que envelhecem em situações precárias de vida e que convivem com expressivas desigualdades sociais (Mendes et al, 2018). É por meio da extensão que há troca de valores entre comunidade e academia, e com isso a obtenção de resultados e melhoria para o aperfeiçoamento da assistência à saúde da pessoa idosa com vista a integralidade, compreendendo os requisitos que demanda a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), promovendo a capacidade funcional por meio da autonomia e independência como bem denota a PNSPI (Ministério da Saúde, 2006;Perez et al, 2016) mesmo diante das distintas realidades sociais.…”

“…Nesse contexto, a prática profissional além de multiprofissional deve ser interprofissional, sendo necessário que comece ainda na graduação, por meio de projetos, como os de extensão, que possibilitem o desenvolvimento de ações que envolvam a utilização de aprendam sobre os outros, com os outros e entre si, para uma assistência à saúde com cada vez mais qualidade (Farias et al, 2019;Mendes et al, 2018).…”

O Planejamento da velhice na perspectiva de estudantes universitários

“…Nessa perspectiva, a população idosa vivencia com tensão essa nova fase, tendo dificuldades de estabelecer o seu novo papel e seu novo lugar na sociedade. Ao investigar as representações sociais da velhice, no geral, verificam-se aspectos ligados à inatividade e inutilidade dos idosos (Brito et al, 2018;Faller, Teston & Marcon, 2015), ao declínio físico e a aparição de doenças (Araújo, Castro & Santos, 2018;Brito et al, 2018;Mendes et al, 2018), a comparação do idoso à criança (Brito et al, 2018;Mendes et al, 2018), o desejo por autonomia e, por isso, a manutenção de atividades (Araújo, Castro & Santos, 2018;Brito et al, 2018).…”

“…Cachioni e Aguilar (2008) afirmam que o papel da universidade perante a sociedade não é só de formar o estudante em seu curso, mas dar subsídios para que esses sujeitos possam ter o conhecimento científico e empático, modificando a imagem do idoso no contexto social. Contudo, ao investigar as representações sociais dos universitários sobre a velhice, ainda se identificam concepções calcadas em um modelo biomédico, relacionando à velhice ao declínio físico e à aproximação do cuidado do idoso ao efetuado às crianças (Mendes et al, 2018).…”