Representações Maternas No Contexto Do Hiv: Gestação Ao Segundo Ano Da Criança

Abstract

RESUMO.O estudo investigou a relação mãe-bebê no contexto do HIV, da gestação ao segundo ano da criança, a partir das representações maternas. Participaram quatro mães soropositivas, entre 19 e 39 anos, entrevistadas na gestação e aos 3, 12 e 24 meses da criança. Análise de conteúdo qualitativa examinou os relatos maternos com base em duas categorias de representações: sobre si mesma e sobre o bebê. Os resultados indicaram que a relação mãe-bebê foi acompanhada de satisfações e desafios associados à maternidade, ao desenvolvimento infantil e à convivência com HIV. As representações sugeriram, inicialmente, um bebê vulnerável e uma mãe com sentimentos de culpa, temendo o preconceito e o estigma associado à infecção. Ao longo do tempo, as representações indicaram uma criança fortalecida e uma mãe mais segura frente à infecção e à maternidade. Preocupações com o HIV foram menos enfatizadas diante dos desafios impostos pelo desenvolvimento infantil, sobretudo entre mães que aceitavam o diagnóstico e focavam o seu enfrentamento. Palavras-chave:HIV; relações mãe-criança; maternidade. MATERNAL REPRESENTATIONS IN THE CONTEXT OF HIV: FROM PREGNANCY UNTIL THE CHILD'S SECOND YEARABSTRACT. This study investigated the mother-child relationship in the context of HIV, from pregnancy until the infant's second year, based on maternal representations. Four HIV-positive mothers aged between 19 and 39 years old participated and were interviewed during their pregnancy and when their babies were 3, 12 and 24 months old. Content analysis was carried out based on two categories of maternal representations: of herself, and of the baby. Results indicated that the mother-child relationship was a mix of satisfactions and challenges related to motherhood, child development and living with HIV. At first, the maternal representations showed a vulnerable infant and a guilty mother who feared the prejudice and social stigma linked to the infection. Over time, the representations indicated a healthier and stronger child, and a less anxious and more secure mother. Concerns about HIV were secondary compared with the challenges posed by child development, especially among mothers who accepted the diagnosis and actively coped with HIV.Keywords: Human Immunodeficiency Virus; mother-child relationship; motherhood. REPRESENTACIONES MATERNAS EN EL CONTEXTO DEL VIH: EMBARAZO HASTA EL SEGUNDO AÑO DEL NIÑORESUMEN. Este estudio investigó la relación madre-hijo en el contexto del VIH desde el embarazo hasta el segundo año del niño, basado en representaciones maternas. Cuatro madres seropositivas participaron, con edades comprendidas entre 19 y 39 años, entrevistadas en el embarazo y en el 3, 12 y 24 meses del bebé. El análisis de contenido se llevó a cabo sobre la base de dos categorías de representaciones maternas: sobre sí misma y sobre el bebé. Los resultados indicaron la relación madre-hijo fue acompañado por las satisfacciones y desafíos relacionados con la maternidad, el desarrollo del niño y con el VIH. Inicialmente, las representaciones

Vivência da maternidade no cenário da soropositividade para o vírus da imunodeficiência humana: olhar fenomenológico/ Experience of motherhood in the seropositivity scenario for the human immunodeficiency virus: phenomenological view

“…A formação de vínculos afetivos com a criança e a construção de novos significados para a vida emergiram dos relatos maternos, sugerindo contribuições para a construção de habilidades voltadas ao enfrentamento de dificuldades e desafios impostos pela soropositividade para o HIV. Com desempenho do papel materno e estabelecimento de vínculos afetivos (11) , as mães podem construir com a criança uma relação permeada por afeto e cuidado (7) . O reconhecimento da saúde e do desenvolvimento da criança favorece a aquisição de maior confiança e segurança materna (7) para o desempenho do cuidado infantil.…”

“…Com desempenho do papel materno e estabelecimento de vínculos afetivos (11) , as mães podem construir com a criança uma relação permeada por afeto e cuidado (7) . O reconhecimento da saúde e do desenvolvimento da criança favorece a aquisição de maior confiança e segurança materna (7) para o desempenho do cuidado infantil. Ademais, a maternidade pode possibilitar aspirações positivas quanto ao futuro (2) , pois as mães reconhecem um novo sentido para suas vidas.…”

“…Nesse cenário, é premente que as mulheres soropositivas para o HIV contem como uma assistência que não se restrinja apenas aos aspectos biológicos, mas que reconheça sua multidimensionalidade e a multicausalidade do processo saúde/doença (5) tendo um olhar ampliado sobre as necessidades da mulher, abordando seus direitos e questões relativas à saúde mental e à rede de apoio (7) . O medo dos filhos vivenciarem situações de preconceito acarreta em preocupações e sofrimentos maternos, momento em que a mãe pode optar pela não revelação do diagnóstico da soropositividade para o HIV.…”

“…Aqui, torna-se importante um cuidado singularizado que reconheça a complexidade do ser humano e contribua para a qualidade de vida da mulher e da criança (1) . A impossibilidade da amamentação do filho aparece como algo frustrante (7) e doloroso para a mãe, sendo associada a perdas e a sentimentos de impotência (11) , podendo gerar conflitos e preocupações (2) . Nesse momento a mãe precisa ser ouvida pela equipe de saúde.…”

“…Nesse cenário, o entendimento é que a soropositividade para o HIV não impossibilita o desempenho da maternidade pela mulher (7) , sendo necessária a priorização de narrativas para a compreensão das singularidades e dos significados atribuídos à maternidade (8) . O objetivo do presente estudo foi compreender as vivências da maternidade de mulheres soropositivas para o HIV à luz da fenomenologia de Edmund Husserl.…”