Introdução: A insuficiência mitral (IM) é um distúrbio valvar que, em sua forma crônica, tem duas etiologias principais: as anormalidades do aparelho valvar, por exemplo folhetos e cordas tendíneas; ou secundária a uma cardiopatia de base, como doença arterial coronariana e cardiomiopatias. Embora casos leves sejam assintomáticos, a IM pode progredir e apresentar-se com dispnéia aos esforços e sinais de insuficiência cardíaca (IC) em estágios avançados, como congestão pulmonar e baixo débito cardíaco. Além do exame clínico, o diagnóstico requer um ecocardiograma e a indicação do manejo intervencionista varia entre casos moderados a graves. Nesse sentido, considerando a evolução dos procedimentos minimamente invasivos, destaca-se o reparo percutâneo da valva mitral (PMVR) como alternativa ao reparo cirúrgico da valva mitral (SMVR). Objetivos: Analisar as evidências atuais acerca do PMVR em termos de eficácia e segurança, além de comparar os desfechos clínicos desse procedimento, do SMVR e da terapia clínica isolada. Métodos: Revisão integrativa de 26 artigos encontrados na base de dados PubMed e Google Scholar, a partir dos descritores "Mitral regurgitation”, “Percutaneous mitral valve repair” e "Clinical outcomes", utilizando os filtros idioma inglês, publicação nos últimos 15 anos e estudos dos tipos ensaio clínico, meta-análise e revisão sistemática. Resultados: Os estudos mostraram que há maior refluxo residual em pacientes submetidos ao PMVR, bem como maior necessidade de reintervenção para corrigir a IM em comparação com o SMVR. Contudo, notou-se redução no grau da IM e melhora da classe funcional NYHA, o que se manteve no seguimento de 2 anos. Ademais, não houve diferenças significativas na mortalidade em até 5 anos. Em relação à terapia médica isolada, apesar de alguns resultados distintos, notou-se superioridade do PMVR na redução dos sintomas e das taxas de hospitalização por IC e de mortalidade. Conclusão: Foi possível compreender que o PMVR é eficaz e seguro já que melhora a classe NYHA e a função valvar de maneira semelhante à cirurgia, além de apresentar baixa mortalidade associada. Contudo, salienta-se a necessidade de novas pesquisas avaliando a eficácia do procedimento a longo prazo a fim de vislumbrar com mais precisão seus desfechos.