A visão narrada em Ezequiel 9:1-11 é uma das mais representativas das várias que compõem o livro. Apresenta um quadro de juízo em que Deus ordena a destruição dos ímpios e a preservação dos penitentes, tendo como cenário o santuário ou templo de Jerusalém. Este artigo analisa essa visão a partir de sua relação com os temas santuário e juízo, dominantes no trecho em foco e em toda a obra ezequiana. Explora também os vínculos dessa narrativa simbólica com a cerimônia do Dia da Expiação (Yom Kippur), prescrita e detalhada em Levítico 16:1-34 e 23:26-32. Conclui, por fim, que a imagem do santuário/templo desempenha um papel de importância central em Ezequiel e na visão do capítulo 9, associada a um juízo de natureza tipológica e escatológica que prenuncia o Juízo Final. Além disso, identifica paralelos esclarecedores com o Dia da Expiação, os quais ampliam o horizonte interpretativo da perícope e possibilita um interessante diálogo com outras passagens das Escrituras.