“…Para Schneider e Irigaray (2008), é a partir da relação entre os diferentes aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais que se torna possível a compressão da etapa da vida caracterizada como velhice� Nessa perspectiva, o problema com a velhice, segundo Guimarães (2007, p� 12), "não é a velhice em si, mas a maneira como o idoso e os outros se colocam perante ela: o idoso se entende e é entendido num lugar onde seus projetos ou já foram realizados ou foram abandonados"� A Psicologia do Envelhecimento numa perspectiva de desenvolvimento ao longo de toda a vida (lifespan) não romantiza o envelhecimento bem-sucedido indicando o máximo de atividade e envolvimento e ausência de doença nesse período da vida, mas deixa de ser uma psicologia do declínio, passando a utilizar um modelo psicológico de envelhecimento bem-sucedido baseado em um processo de otimização seletiva com compensação, significando fazer e ser o melhor possível com os recursos de que se dispõe (Neri, 2006)� Para Neri (2006, p� 19), o lifespan compreende o desenvolvimento como "processo contínuo, multidimensional e multidirecional de mudanças orquestrados por influências genéticobiológicas e sócio-culturais, de natureza normativa e não-normativa, marcado por ganhos e perdas concorrentes e por interatividade entre o indivíduo e a cultura"� Nessa perspectiva, embora o processo de envelhecimento seja subjetivo e vivenciado de forma diferente por cada indivíduo, aumentam as chances de acontecer eventos incontroláveis nessa fase da vida, tais como: doenças, acidentes, morte de entes queridos e problemas que afetam os descendentes� Algumas fontes de estresse para idosos são: problemas de saúde, perda de independência e de autonomia do próprio idoso, do parceiro conjugal e em amigos, pobreza, isolamento social e discriminação por idade (Neri, 2013)� Todas essas situações expõem os idosos a situações estressantes, podendo ser vividas como aborrecimentos constantes ou como eventos inesperados e incontroláveis nos quais "a perplexidade e o sofrimento psíquico dos idosos tendem a ser enormes e podem potencializar os efeitos de doenças crônicas, dor, incapacidades e depressão" (Neri, 2013, p� 39)� A hospitalização pode ser um desses eventos incontroláveis, no qual a pessoa se defronta com o incontrolável e com a fragilidade da condição humana, podendo gerar situações de crise em quem vivencia o adoecimento e a hospitalização; desse modo, além do sofrimento físico ocasiona-se o sofrimento psíquico (Oliveira, 2015)� Segundo Biasus (2016), é necessária a construção de estratégias que tenham em vista a melhoria das condições e a qualidade de vida dos idosos que vivenciam um envelhecimento patológico� Albuquerque (2016) discorre sobre a situação de dupla vulnerabilidade ocupada pela pessoa idosa que se encontra em tratamento de saúde, pois, segundo ela, além de estar doente, apresentando-se naturalmente vulnerável, esta pessoa faz parte de um grupo de pessoas, que pelo simples fato da idade, sofre com preconceitos e estigmas� A autora apresenta fatos que ocorrem com as pessoas idosas que produzem a falsa crença de que a idade inabilita a pessoa a conduzir sua vida e a fazer escolhas esclarecidas, com base em suas próprias concepções, desejos e crenças� Incluem-se entre eles: a particular atenção demandada pelas pessoas idosas, por levarem mais tempo para aprender informações, para compreender as terapêuticas que lhes são propostas, tal como maior dificuldade aprese...…”