Relações entre a Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical e a Epistemologia Genética

Abstract

A Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical foi formulada, de acordo com seus auto-res Swanwick e Tillman, a partir de conceitos tomados da Epistemologia Genética. Este artigo busca observar as relações existentes entre os fundamentos dessas duas teorias de desenvolvimento a fim de identificar se existe de fato essa relação entre a Teoria Espiral e a teoria de Piaget. Neste artigo é realizada uma breve revisão de literatura, acompanhada da análise comparativa de conceitos como egocentrismo, assimilação, acomodação, imitação e intuição, encontrados na Epistemologia Genética e na Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical. Através desse trabalho de confrontação de con-cepções foi possível observar, por exemplo, que Swanwick e Tillman – ao contrário de Piaget – concebem a assimilação e a acomodação como processos separados, que se manifestam em diferentes momentos do desenvolvimento musical. Para aqueles auto-res, a imitação também só se manifesta em um momento intermediário do desenvol-vimento das competências musicais e o comportamento musical é guiado pela intuição no começo de todos os grandes momentos do desenvolvimento. Embora Swanwick e Tillman apresentem uma visão diferente da proposta por Piaget em questões relativas à imitação e à intuição, cabe frisar que aqueles autores defendem questões também defendidas pela teoria piagetiana. Um exemplo dessa semelhança seria o reconheci-mento por parte dessas duas teorias (Teoria Espiral e Epistemologia Genética) da im-portância da ação (da experimentação) no início do desenvolvimento. De forma geral, no entanto, é possível afirmar que Swanwick e Tillman realizaram uma interpretação livre de alguns dos fundamentos da teoria de Piaget, e que aqueles autores chegaram a empregar conceitos supostamente piagetianos em seus trabalhos de uma forma dife-rente da forma como esses conceitos são empregados dentro de trabalhos de Piaget. Essas constatações podem nos levar a negar a ideia já difundida de que a Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical seja uma teoria de base piagetiana.

Pedagogia Musical Aberta: por uma Educação Musical crítica, inclusiva e transformadora

“…improvisação, entendida como "uma forma de jogo-atividade-exercício que permite projetar e absorver elementos ou alimentos musicais numa constante retroalimentação"(BRITO, 2003, p. 151). A improvisação pode ser compreendida, então, como uma proposta pedagógica que favorece a expressão, a comunicação e a interpretação musical, não se limitando a modelos preestabelecidos, tão criticados por Gainza e pelos demais autores que defendem a PMA.Outro educador citado nos trabalhos analisados, porém não tão diretamente vinculado à Gainza, foi Keith Swanwick, que desenvolveu a Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical, fundamentando-se na teoria piagetiana(CAREGNATO, 2013; FRANÇA, 2018).Para esse autor, o desenvolvimento musical acontece em etapas que podem ser relacionadas às faixas etárias e está relacionado ao "amadurecimento psicológico dos indivíduos"(FRANÇA, 2018, p. 147).Todos esses apontamentos nos indicam que as bases epistemológicas da PMA são as mesmas bases da Pedagogia Nova (SAVIANI, 1997), ou seja, a de uma pedagogia que tem o aluno como centro e que privilegia "os processos de obtenção dos conhecimentos, enquanto lá, nos métodos tradicionais, se privilegiam os métodos de transmissão dos conhecimentos" sendo estruturado a partir das etapas do desenvolvimento, considerando quais estímulos e/ou condições podem ser oferecidos. Complementando, a Pedagogia Nova reconhece a diversidade humana, "não apenas nas diferenças de cor, de raça, de credo ou classe, o que já era defendido Neste momento, algumas pessoas poderiam dizer que nossa pesquisa não teria avançado teoricamente, pois a relação aqui destacada entre a PMA e a Pedagogia Nova, em função da relação entre esta e os Métodos Ativos (sobre os quais falaremos mais especificamente no próximo capítulo), seria de conhecimento de alguns no âmbito da Educação Musical.…”