Reincidência gestacional na adolescência: percepções da jovem mãe

Abstract

RESUMO O estudo objetivou identificar o perfil socio-demográfico, o uso de métodos contraceptivos e como as adolescentes com reincidência gestacional percebem o tornar-se mãe na adolescência. Participaram da pesquisa 16 adolescentes com reincidência gestacional, dos municípios de Sarandi (oito), Mandaguari (seis) e Jandaia do Sul (duas) do estado do Paraná. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa. A coleta dos dados se deu no mês de maio de 2009, por meio de entrevista semi-estruturada gravada e ocorreu na própria unidade de saúde de cada cidade. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. Os resultados apontam para cinco categorias: uso de métodos contraceptivos pelas adolescentes; vantagens de ter filhos na adolescência; desvantagens de ter filhos na adolescência; fatores que levaram a reincidência gestacional e; mudanças na vida após o nascimento do primeiro filho. Conclui-se que é necessário maior maturidade por parte das adolescentes sobre a importância do uso adequado dos métodos contraceptivos, e é imprescindível a implantação de políticas públicas de qualidade para a prevenção não apenas da reincidência gestacional, mas também da gravidez na adolescência como um todo.

<b> Orientações recebidas por gestantes adolescentes durante o pré-natal / Guidance provided to teen pregnancy during the prenatal <b>

“…Entretanto, apenas transmitir informações não basta, pois se reconhece que as adolescentes apresentam conhecimentos sobre o uso adequado dos métodos contraceptivos, porém não o fazem corretamente, têm conhecimento, porém não tem maturidade para apresentar atitudes responsáveis de prevenção da gestação (10) .…”

“…Concernente à situação conjugal, a maioria (73,3%) refere possuir companheiro fixo, dado superior ao encontrado em outros estudos (7,10,12) .…”

“…Em relação à escolaridade, a média de anos de estudo das gestantes foi de 7,5 anos, variando entre cinco e 11 anos. Na literatura observa-se que a maioria das adolescentes gestantes possuem ensino fundamental incompleto (6,7,10,12) , até porque, atualmente, o ensino fundamental tem a duração de nove anos e a maior parte das entrevistadas (70%) possuía de sete a nove anos de estudo.…”

Relações familiares frente à repetição da gravidez na adolescência

“…Para caracterizar a ocorrência desse fenômeno, na literatura podemos encontrar expressões como: recorrência (Silva, Coutinho, Katz, & Souza, 2013); gravidez recorrente (Magalhães, 2007;Silva, Rozenberg, Bonan, Chuva, Costa, & Gomes, 2011); parentalidade recorrente (Carvalho, Jesus, & Merighi, 2008, Carvalho, Merighi, & Jesus, 2009 repetição (Persona, Shimo, & Tarallo, 2004;Riekowski & Almeida, 2009;Mata, Lemos, Ferreira, Braga, & Maia, 2009;Braga, Carvalho, Ferreira, Mata, & Maia, 2010;Ferreira, Braga, Mata, Lemos, & Maia, 2012); reincidência (Berlofi, Alkmin, Barbieri, Guazzelli, & Araújo, 2006;Bruno, Feitosa, Silveira, Morais, & Bezerra, 2009;Baratieri, Cazetta, & Marcon, 2011;Nery, Mendonça, Gomes, Fernandes, & Oliveira, 2011, Manfredo, Cano, & Santos, 2012; maternidades sucessivas (Rosa, 2007).…”

“…A partir da análise de estudos realizados em várias regiões do Brasil, percebe-se que as pesquisas sobre a repetição da "gravidez na adolescência" geralmente procuram avaliar fatores biológicos, psicossociais, culturais e econômicos (Persona, Shimo, & Tarallo, 2004;Mata, Lemos, Ferreira, Braga, & Maia, 2009;Nery, Mendonça, Gomes, Fernades, & Oliveira, 2011), tais como faixa-etária, condições econômicas, educacionais e sexualidade (Bruno, Feitosa, Silveira, Morais, & Bezerra, 2009;Manfredo, Cano, & Santos, 2012), planejamento familiar e prática contraceptiva (Berlofi, Alkmin, Barbieri, Guazzelli, & Araújo, 2006;Ferreira, Braga, Mata, Lemos, & Maia, 2012), e relacionamentos sociais (família e amigos) (Braga, Carvalho, Ferreira, Mata, & Maia, 2010). Há, também, estudos que privilegiam mais especificamente aspectos sobre sexualidade, a experiência da maternidade e sua repetição, e projetos de vida (Magalhães, 2007;Carvalho, Jesus, & Merighi, 2008;Carvalho, Merighi, & Jesus, 2009;Baratieri, Cazetta, & Marcon, 2011).…”