“…É fundamental apontar que o método construtivo-interpretativo constitui, junto com a Epistemologia Qualitativa e a Teoria da Subjetividade, um arcabouço epistemológico-teórico-metodológico indissociável, em que cada uma destas dimensões demanda as outras. Assim, o método construtivo-interpretativo está amparado em três pilares epistemológico-teóricos: 1) o caráter construtivo-interpretativo do conhecimento, que consiste no entendimento do conhecimento, enquanto fruto das construções e das interpretações do pesquisador no processo de pesquisa, como uma produção fundamentalmente teórica e subjetiva, expressão tanto da sensibilidade do pesquisador à realidade quanto de sua capacidade reflexiva e imaginativa (González Rey, 2019b); 2) a legitimidade do singular como fonte para produção do conhecimento, que reside no valor que a produção teórica tem na Epistemologia Qualitativa (Mori, 2020), e que entende o singular não como unicidade, mas como caso concreto particular, ou seja, como uma realidade diferenciada de constituição subjetiva (González Rey, 2011) cujo estudo é perfeitamente capaz de abrir e aprofundar zonas de inteligibilidade e de ação, cumprindo com o papel da pesquisa neste referencial, e 3) o caráter dialógico da produção de conhecimento, que diz respeito ao quão fundamental é, na produção de conhecimento, que o espaço de pesquisa se conforme como um espaço dialógico, ou seja, como um campo relacional de expressão autêntica e aberta, marcado pelo engajamento subjetivo e pelo interesse genuíno de todas as pessoas que o compõem (Coelho & Patiño Torres, 2022). Isto tem a ver com quanto, e com que abertura e profundidade, os participantes vêm a se envolver, se mobilizar e a se expressar no processo de pesquisa.…”