Um poema francês de Rilke, publicado em 1926 com o ciclo de poemas Vergers, é traduzido aqui em duas versões similares, mas não idênticas. O poema e sua dupla tradução dão origem a duas perguntas: (1) por que a recepção dos poemas franceses de Rilke tem sido mais restrita ou circunscrita que a de seus poemas alemães? (2) por que duas traduções diferentes do mesmo poema? Tomado como princípio da reflexão, o poema com sua dupla tradução simultânea deve abrir caminho para compreender as duas questões, seu eventual parentesco e, de modo mais geral, a convergência entre crítica e criação. O conceito crítico de reflexão como retorno a si e abertura para o outro e o conceito (metáfora) de espaço de indeterminação são os marcos mais visíveis do caminho traçado a cada volta pela própria reflexão.