Abordar a relação entre plantas e religiões de matriz africana, remete o valor cultural na sociedade atual, a união de saberes na construção de histórias e conhecimentos, que são transmitidos através da ritualística e convívio dentro de um terreiro de Umbanda. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a etnobotânica do Terreiro de Umbanda Luz Divina de São Jorge. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas aos dirigentes do terreiro, onde indicaram, através de tabelas e também oralmente, a história do terreiro, quais plantas eram usadas na ritualística, uso medicinal, culinário, místico, energético e suas particularidades. Os entrevistados citaram 39 espécies, bem como as partes das plantas que são usadas e quais orixás ou guias que elas estavam relacionadas. Entre as 39, 20 (51,28%) foram registradas no quintal do terreiro, enquanto 19 (48,72%) têm que ser adquiridas quando necessário. Do total de registros, 24 (61,54%) foram identificadas em nível de espécie e 15 (38,46%) em nível de gênero. Constatou-se que as plantas podem ser utilizadas em: banhos; passes; firmezas; mandalas; pontos cantados; descarregos; defumações e varrimentos; sendo preparadas nas formas de chás, raiz, banho, defumação, seiva, compressa e óleo. Conclui-se que o Terreiro estudado possui uma variedade de plantas tanto em seu território como em sua ritualística, cuja prática religiosa perpassa o conhecimento tradicional e medicinal e são transmitidos de geração a geração.