Introdução O autoconhecimento sempre foi considerado uma busca permanente, pois trata-se de um assunto por demais subjetivo, que está relacionado a um objeto em constante mudança: o homem. Além disso, a introspecção como método empregado na sua descoberta envolve elementos da consciência, construto sujeito a percepções distorcidas, dada a interferências inconscientes. Segundo Skinner (1993), o campo da consciência está no conhecimento de si. Assim, se o autoconhecimento está relacionado à consciência, é preciso verificar como esta consciência é abordada pelos diversos teóricos. Em primeiro lugar, "consciência" é uma metáfora (MATOS, 1995), os termos mais corretos seriam comportamentos conscientes. A palavra "consciência" remete à idéia de uma instância psíquica, um self decisor, enquanto "comportamento consciente". Skinner (1982) nos orienta que a consciência é como um comportamento encoberto, que ocorre no universo que existe dentro da pele de cada um. Importante é esclarecer que eventos encobertos não apresentam natureza diferente dos eventos abertos, apenas são de mais difícil acesso, sem propriedades de originar comportamentos. Apesar de pertencer a escola behaviorista, Skinner diferencia-se dos behavioristas metodológicos, que não acreditavam na possibilidade de uma abordagem científica dos acontecimentos encobertos. Também se diferencia dos psicanalistas, que abordam a consciência como uma instância mental, com características próprias, e como causa de comportamentos. Weber (2003) acredita numa consciência que corresponde a um comportamento verbal de autodescrição, isto é, uma capacidade de descrever ou relatar os próprios comportamentos. Skinner (1982) afirma que a pessoa está mais consciente quando está mais sensível ao controle do ambiente, ou seja, aumenta sua capacidade de discriminar e assim descrever seus comportamentos. Ter consciência de si corresponde ao comportamento de discriminar comportamentos próprios e variáveis que os controlam. O autoconhecimento é autoconsciência, então, autoconhecimento é autodiscriminação de comportamentos e estímulos a eles relacionados. Autoconhecimento é um comportamento verbal discriminativo; expressa um conhecimento sobre o próprio comportamento (SKINNER, 1993). Neste caso, discriminação corresponderia a um processo de reforçamento diferencial, que torna uma dada resposta mais provável diante de um estímulo específico (CATANIA, 1999; SKINNER, 1993). Assim, o indivíduo emite comportamento verbal de descrição de seu próprio comportamento diante de estímulos discriminativos, por receber um reforço. Adianta-se aqui que este reforço é social, como será visto adiante.