O presente artigo investiga a transparência na expressão da quantificação em oito línguas indígenas de duas famílias do Brasil, Tupi-Guarani e Maku. O objetivo é, a partir da perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional (Hengeveld; Mackenzie 2008), analisar a quantificação nas línguas, destacando como esta ocorre dentro dos níveis de análise, e as relações de transparência e/ou de opacidade a partir da codificação de número. Com base em Câmara et al. (neste volume), parte-se do pressuposto de que a noção de pluralidade é expressa de duas formas, uma específica e outra não-específica. Desse modo, de acordo com a definição de transparência dada por Leufkens (2015) e Hengeveld e Leufkens (inédito), a análise dos dados mostra que as línguas da família Tupi-Guarani são transparentes com relação à expressão da quantificação, indicando apenas uma vez tanto a quantidade específica quanto a não-específica, não havendo acordo ou concordância de número. As línguas da família Maku expressam quantidade específica e não-específica de modos distintos, reforçando a proposta de Câmara et al. (neste volume) a respeito da transparência na expressão das formas de quantificação.