Quando Ser Menina É Ruim: Percepções De Gênero Em Crianças E Adolescentes

Abstract

Resumo Este artigo é um recorte da pesquisa que analisou as percepções de meninas de 6 a 14 anos sobre os aspectos que facilitam e/ou impedem o desenvolvimento de suas habilidades e a garantia de seus direitos a partir do ambiente familiar, escolar, comunitário e social. O estudo teve abordagem plurimetodológica e abrangeu as cinco regiões do Brasil. Em particular, destaca-se a percepção de meninas a partir do exame das respostas a duas questões. Observou-se que as meninas argumentam os aspectos negativos de gênero a partir de quatro grandes fatores: (a) violência sexual, (b) comportamentos e estética, (c) relação com o corpo e sexualidade e (d) responsabilidades e restrição da liberdade. Em todos eles, os discursos das meninas confirmam o quanto as relações de poder são determinantes nas concepções, representações e práticas de gênero ainda hegemônicas na sociedade.

Physical violence against children in Espírito Santo, Brazil: prevalence and associated factors

“… 20 From the very early years, different norms are prescribed between the sexes for behaviors, games, and artifacts. 10 , 21 The girls are more restricted to the households in their games, which are mainly with dolls and simulating situations of the adult woman as “owner of the home”. Boys are allowed to play outside the house, even with toys that imitate weapons and other violent attitudes, bringing the symbology of power.…”

“…The older children, between six and nine years old, were the main victims of physical violence in the state of Espírito Santo, which was also pointed out by other studies. 17 , 18 , 19 , 20 , 21 , 22 It can be related to the fact that older children are considered less frail to receive physical aggression. Infants in this age group also tend to be more questioning and disobey the norms imposed by adults in an attempt to test their limits and establish themselves as individuals.…”

“… 15 , 16 , 19 Adults tend to use physical violence as a way to exercise their power and as an educational practice, to impose limits and correct wrong attitudes, which is still naturalized and accepted by society, despite efforts to the contrary, a brand of a patriarchal society where the strongest must dominate the weakest and violence is authorized. 21 , 25 Besides, violence against children has an important intergenerational character, where parents who have been assaulted tend to repeat this same behavior with their children. 26 , 27 The lack of knowledge of other ways of educating and relating to children also contributes to the continuity of this cycle.…”

“…In addition, boys, the main victims of physical violence, have more access to the exterior of the residence, while girls historically become more reclusive to the domestic environment. 21 …”

HackGirls: maratona tecnológica como ação de inclusão social e de gênero para meninas de comunidades no Brasil

“…Em estudo com meninas de cinco regiões do país, Freitas et al (2021) sistematizaram suas opiniões sobre aspectos negativos de gênero a partir de quatro eixos -violência sexual; papéis tradicionais em termos de comportamento e estética; desconhecimento do próprio corpo e de como lidar com a sexualidade; e adicionando responsabilidades e restringindo a liberdade. Gênero é uma categoria social e histórica, e algumas teóricas feministas hoje dão pistas de como estabelecer diálogos intergeracionais para perpetuar o processo civilizatório.…”